domingo, janeiro 31, 2010


Mais uma opinião de peso a favor da tese que venho defendendo aqui, desde antes da minha participação na Conferência do Clima de Copenhague, a COP-15, como observador parlamentar da Alerj: a palavra do jornalista francês Christophe Ventura. Ele também acha que só a permanente pressão da sociedade civil mundial mudará a posição das grandes potências e países em desenvolvimento em favor de um avanço nos tratados climáticos, nas conferências das ONU.

Ao falar no Fórum Social Mundial Temático da Bahia, Christophe Ventura declarou: “não temos nenhum motivo para sermos otimistas. A questão do clima é dramática. Entre 1996 e 2005 já houve aumento da temperatura global de 0,74ºC. A solução para isso está na participação social. Devemos continuar essa luta pelo mundo, com articulação entre os movimentos sociais.” Christophe se impressionou com a ação da sociedade civil na COP-15, e nas ruas geladas e cobertas de neve de Copenhague.

O jornalista francês também concluiu que a declaração da COP-25 não tem status de direito internacional porque não foi assinada pelos 193 países e sim por um número bem limitado deles. Nas plenárias do Fórum Social Mundial Temático da Bahia, como no fórum de Porto Alegre, as questões ambientais têm relevância nos debates. As delegações mostram uma grande preocupação com elas, como aos temas referentes às graves questões sociais e à prevalência da democracia no mundo.

publicado por André Lazaroni em 31.1.10 |



sábado, janeiro 30, 2010


Os paulistas já tiveram melhores motivos para apostas. Durante todo o dia de ontem, eles ficaram à espera de a cidade de São Paulo bater o recorde histórico de chuvas no mês de janeiro, de acordo com previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Janeiro de 1947 foi o mês mais chuvoso da história, com 481,4 mm. Na manhã já havia sido registrado o total de 474,6 milímetros de chuvas. Apostas e humor negro à parte, a situação ambiental continua crítica na capital paulista. A Defesa Civil registrou 68 mortes desde o final do mês de dezembro. Por que a cidade sofre tanto?

Um dos culpados é o acelerado ritmo de impermeabilização, que cresceu mais de 50% do ano 2000 até agora. É muito concreto e asfalto. Segundo especialistas ouvidos pela Folha de S. Paulo, os governantes escolheram a linha mais cara para enfrentar o problema ambiental: remediar em vez de prevenir. Segundo o professor de ciências atmosféricas da USP, Augusto Pereira Filho, a verticalização da capital é muito grande. No dia 31de dezembro, radares detectaram nuvens com 10 km de altura. Na tarde do dia 1º, elas chegaram aos 18 km de altura, claro indício de muita água no céu.

O competente trabalho de jornalismo investigativo da Folha de S. Paulo foi mais longe em sua análise: onde antes havia terra, grama ou árvore agora há cimento e asfalto. Isso cria calor. Ou seja, sem novas áreas verdes, a cidade vai continuar turbinando as chuvas que se formam sobre ela. E, neste ano, o El Niño faz a sua parte. Chuva forte e concentrada é alto risco na certa. A água, por causa do solo muito impermeável, não chega aos lençóis freáticos. O sistema de drenagem, dimensionado para um volume de águas menor, é ineficiente. O processo termina nos alagamentos constantes. Assim, a crise ambiental continua sem sérias medidas de controle à vista.

publicado por André Lazaroni em 30.1.10 |



sexta-feira, janeiro 29, 2010


Fico feliz em registrar mais um avanço na luta do movimento ambientalista, desta vez nos Estados Unidos. Cientistas, pesquisadores e diversas ONGs, entre elas o Greenpeace e o Monterey Bay Aquarium, forçaram a grande cadeia de supermercados Target a retirar de suas prateleiras todos os tipos de salmão cultivado, sejam eles frescos, defumados ou congelados. O Target só vende salmão capturado em pesca no Alaska, que o Greenpeace considera menos impactante que o salmão proveniente da criação em cativeiro.

Entre nós, o salmão consumido é proveniente de fazendas de cultivo no Chile. Afirmam os pesquisadores que o salmão cultivado leva muitos impactos ao meio ambiente marinho como poluição provocada por produtos químicos, parasitas e espécies não-nativas cultivadas. Além disso, há os antibióticos e hormônios usados na criação dos animais para que fiquem maiores e com maior valor econômico.

publicado por André Lazaroni em 29.1.10 |



quinta-feira, janeiro 28, 2010


O empresário Oded Grajew, um dos organizadores do Fórum Social Mundial (FSM), que, hoje, realiza sua décima edição na capital e em diversas cidades da região metropolitana de Porto Alegre, mais uma vez falou de uma de suas teses políticas: a necessidade de mudança de consciência individual e a articulação de diferentes organizações da sociedade em favor de “outro mundo possível”. Oded Grajew não é um Dom Quixote que enfrenta moinhos invencíveis. Ele é um importante fabricante brasileiro de brinquedos que saiu de seu galpão de trabalho para defender mudanças fundamentais no nosso comportamento, sob pena de todos nós naufragarmos e fracassarmos.

Disse ele no Fórum Social Mundial: “temos que mudar hábitos arraigados dentro de nós, no nosso comportamento, no dia-a-dia. Temos que rever a maneira como tratamos nossos semelhantes”. Vejam que lucidez política: “se a gente não mudar o modelo de desenvolvimento, a espécie humana corre risco de extinção neste século. Nenhuma organização sozinha consegue ir além de determinados limites dos desafios que hoje são globais. Esta é a grande sacada: a mobilização em conjunto. Não tem causa mais importante. Levo adiante a missão da reforma agrária. Quero ter parceiros, gente e organizações que possam ajudar também na questão feminista, na economia solidária”.

Oded Grajew nasceu em Tel-Aviv, Israel, vindo para o Brasil ainda criança. Homem com grande capacidade de trabalho, criou a Grow jogos e brinquedos, em 1972, dedicando-se a desenvolver os chamados "jogos inteligentes" para os públicos adulto e adolescente. Em 93, para a nossa felicidade geral, decidiu trilhar outros caminhos. Participou do grupo fundador e foi o primeiro coordenador-geral do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE); foi presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente até 98; fundou o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, do qual é presidente do conselho deliberativo; idealizou o Fórum Social Mundial em 2001; e foi um dos criadores do Movimento Nossa São Paulo, que objetiva mobilizar empresas, sociedade e governo em torno da elaboração de um conjunto de metas que possam reverter os graves problemas sociais da capital paulista.
Com sua visão humanista do mundo, Oded Grajew defende a responsabilidade social da empresa e a maior interação entre elas e o movimento social. Esse israelense de nascimento, mas brasileiro de coração e cidadão do mundo, ainda vai trabalhar muito pelo progresso social. Agora, com a sua visão mais voltada para as questõs da mulher, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Salve ele!

publicado por André Lazaroni em 28.1.10 |



terça-feira, janeiro 26, 2010


Uma notícia que circula pelos Estados Unidos, provocando um infindável número de debates e discussões – o que é muito bom – é a base de um relatório do Wordwatch Institute, de Washington. E que notícia é essa? É uma velha conhecida de todos nós, ambientalistas. Eis a questão: A luta contra o aquecimento global passa por uma renúncia ao consumismo para favorecer iniciativas compatíveis com o desenvolvimento sustentável do planeta. Estarrecedor: despesas com o consumo nos países industrializados compreendem cerca de 70% do produto interno bruto.

Enquanto grande parte da humanidade não sabe o que é comer um prato de comida por dia, a população dos países ricos e em desenvolvimento gastou US$ 30,5 trilhões em bens e serviços em 2006, um aumento de 28% em dez anos. O crescimento do consumo resultou numa explosão da extração de matérias-primas e do consumo de energia.
Para fechar as conclusões do Wordwatch Institute: 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo (cerca de 7% da população) são responsáveis por 50% das emissões de CO2, contra 6% dos três bilhões mais pobres.

A luta por um consumo sustentável é mais necessária do que nunca, meus amigos!

publicado por André Lazaroni em 26.1.10 |



segunda-feira, janeiro 25, 2010



Um avanço na legislação ambiental. Está em vigor o decreto que implanta o Sistema de Prescrição e Uso de Agrotóxicos do Estado do Paraná (Siagro), que prevê o envio eletrônico de informações das receitas emitidas pelos revendedores ao Departamento de Fiscalização Agropecuária (Defis), da Secretaria da Fazenda.
Atualmente são emitidas, todos os anos, cerca de 3 milhões de receitas, com a utilização de 80 mil toneladas de agrotóxicos pela agricultura paranaense. Com o novo banco de dados, o Paraná tem um monitoramento mais ágil e eficiente, possibilitando um gerenciamento eletrônico do que está sendo usando no campo. Este é um exemplo que deve se multiplicar pelo Brasil. São os meus votos.

publicado por André Lazaroni em 25.1.10 |



domingo, janeiro 24, 2010

Todos vocês que são solidários com a minha luta na defesa da cidadania, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, e que também se dão ao trabalho de me acompanhar em meu site e nas mídias sociais, lendo, comentando e opinando meus escritos, estão de parabéns! Vocês acabam de demonstrar que têm uma visão política progressista e avançada. E por que afirmo isso? Pelo que li e interpretei ao ver os números finais da nossa enquête, na primeira página do site.
Como ainda estávamos vivendo os dias de ressaca da inconclusa Conferência do Clima de Copenhague, a COP-15, apresentamos esta pergunta: Quem mais merece um Ano Novo VERDE, animais felizes e águas cristalinas? As opções foram: Países pequenos como Bolívia e Vanuatu que recusaram o acordo "meia-sola" da COP-15; cooperativas de reciclagem, ONGs que defendem o meio ambiente e associação de moradores; organizações e instituições técnicas e científicas ligadas ao bem-estar social; e: opinião pública mundial, pela visão política e consciência ecológica demonstradas na COP-15.
Foi vitoriosa a última opção: Opinião pública mundial, pela visão política e consciência ecológica demonstradas na COP-15, com 42% das opiniões. Segundo lugar: Organizações e instituições técnicas e científicas ligadas ao bem-estar social, com 25%. Quase empatada ficou a terceira opção: Cooperativas de reciclagem, ONGs que defendem o meio ambiente e associação de moradores, com 24%. Na quarta posição: Países pequenos como Bolívia e Vanuatu que recusaram o acordo "meia-sola" da COP-15, com 9% as opções de voto.
Como participante da COP-15, na condição de observador parlamentar, representando a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, fui testemunha do trabalho, da ação, da pressão política e da luta exercida pelas pessoas que estavam na Dinamarca e em todos os cantos da Terra, em favor de um novo acordo sobre o clima que acabou não vindo.
A opinião pública mundial não aceita mais que os Estados Unidos, China, as demais grandes potências, nações em desenvolvimento e suas próprias nações, enfim, tenham posições retrógradas em relação ao meio ambiente. Digo e repito: o mundo não é mais o mesmo depois da fracassada COP-15. Felizmente a Humanidade passou a ser um grande protagonista nessa questão fundamental.

publicado por André Lazaroni em 24.1.10 |



sábado, janeiro 23, 2010


Este é um registro que faço com alegria e muita satisfação: o Projeto Tamar-ICMBio, referência mundial de experiência bem sucedida de conservação marinha, está fazendo 30 anos de criação. A modelar instituição, que envolve as comunidades costeiras diretamente no seu trabalho sócio-ambiental, faz pesquisa, conservação e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção.

O Projeto Tamar-ICMBio foi criado em 1980, pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), hoje Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Em 1.100km de praias, um trabalho sem descanso é realizado através de 23 bases mantidas em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso de tartarugas, no litoral e ilhas oceânicas, em nove estados brasileiros.

O nome Tamar foi criado a partir da combinação das sílabas iniciais das palavras tartaruga e marinha, abreviação que se tornou necessária, na prática, por conta do espaço restrito para as inscrições nas pequenas placas de metal utilizadas na identificação das tartarugas marcadas para diversos estudos. Assim, a expressão Tamar passou a designar o Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas, executado pelo Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas-Centro Tamar, vinculado à Diretoria de Biodiversidade do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade-ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente.

publicado por André Lazaroni em 23.1.10 |



sexta-feira, janeiro 22, 2010


Vou dedicar algumas linhas para comentar um grave problema mundial que preocupa cada vez mais ambientalistas, geógrafos, sociólogos e numerosos outros estudiosos e pesquisadores de questões sociais. Eu me refiro à triste e tão sofredora figura do migrante ambiental. Eles são muito mais numerosos, hoje, como conseqüência da brutal tragédia haitiana causada pelo terremoto devastador. No Haiti, os retirantes agora somam mais de um milhão de pessoas, 10% da população nacional. No mundo, especialmente na África e na Ásia, 24 milhões de seres vivem nessas condições.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse, em Nova York, que nas últimas quatro décadas, o mundo viu um terço das terras para cultivo serem abandonadas depois de se tornarem improdutivas. Conflitos sobre posse da terra, abastecimento de água e desastres naturais são perigos do problema. Uma conferência das Nações Unidas, “A Conservação da Terra e da Água: Assegurar o Nosso Futuro Comum”, realizada há cinco anos, já ressaltava as ameaças da degradação de solos aráveis que priva as pessoas de direitos básicos como o acesso ao alimento e à água.


A Convenção da ONU para o Combate à Desertificação, (Unccd), revelou que mais de 250 milhões de pessoas já estão diretamente afetadas pela seca e degradação de terras de cultivo. Milhares e milhares delas se transformarão em retirantes. Na COP-15, onde participei como observador parlamentar, as trágicas estatísticas deveriam ter sido debatidas com rigor. Mas, como todos nós lamentamos, a conferência de Copenhague fracassou. Ficou no blábláblá...

publicado por André Lazaroni em 22.1.10 |



quinta-feira, janeiro 21, 2010

Reunião da semana passada

Nesta quinta-feira, muito trabalho e dedicação a graves problemas que afetam a população do sul fluminense me aguardam em Angra dos Reis. Como presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj, estarei reunido, a partir das 11h30, ao lado da secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, com os representantes de diversas comunidades do município, atingidas pelas fortes chuvas dos dias 31 de dezembro e 1 de janeiro. Nosso encontro será na cancela do Shopping Piratas Mall, no centro de Angra dos Reis.

Vamos, mais uma vez, discutir e debater as sérias consequências dos deslizamentos de encostas, como remoção de famílias de suas casas, reassentamentos, trabalhos de contenção e reflorestamento. Tenho atuado, na qualidade de parlamentar e presidente da CDMA, como um elo entre a prefeitura, o governo do estado e os moradores de Angra dos Reis e Ilha Grande. As reivindicações dos angreenses são apresentadas de forma consistente e bem ordenada pelas lideranças comunitárias.

O governo do estado, por intermédio da Secretaria estadual do Ambiente, vem cumprindo seu cronograma de trabalhos na região, com um programa de alcance social em benefício da população. Na sexta-feira passada, discutimos ações para evitar mais deslizamentos de terra, mortes e desabrigo. A secretária Marilene Ramos informou a liberação, pelo governo federal, de R$ 80 milhões para obras urgentes. Para a recuperação de áreas de deslizamento R$ 30 milhões. Para a construção de 1.500 unidades habitacionais pré-moldadas R$ 50 milhões.

A iniciativa atende de maneira emergencial a população. Todos aguardam, agora, o início dos trabalhos. Cerca de 40 locais deverão receber intervenções emergenciais. Entre as obras, em Angra, está a colocação de um colchão de contenção/amortecedor, feito de material pré-moldado de concreto, no Morro da Carioca, e a retirada de casas instaladas em áreas consideradas de risco e o reflorestamento da encosta. Mais verbas foram pedidas ao governo federal.

publicado por André Lazaroni em 21.1.10 |



quarta-feira, janeiro 20, 2010


Estou esperando as aulas escolares para dar mais uma vez nota 10 à Secretaria Estadual de Educação, e às secretarias municipais, pela efetivação do Programa Agenda 21 na Escola: Elos de Cidadania. Tenho a certeza da nota 10! Meu otimismo se fundamenta nos resultados conseguidos com o programa, criado em 2007. Informações que recebi confirmam a melhor das expectativas, pois o debate da temática socioambiental na escola vem sendo bem recebido e assimilado pelos estudantes.

O retrospecto mostra que o programa encontra soluções coletivas, com a participação de estudantes, professores, pais e demais moradores. Uma das primeiras implementações tem sido a coleta seletiva na unidade escolar. Outra é a participação de estudantes e professores em conselhos municipais e audiências públicas. A Agenda 21 na escola é tão fundamental como as agendas nacional e local.

Poucos brasileiros sabem, mas a Agenda 21 é um documento das Nações Unidas criado na Eco-92, a grande conferência do Rio de Janeiro, para implantação global, prevendo, em mais de 40 tópicos, as possibilidades de desenvolvimento sustentável para o planeta, sem prejuízos à qualidade de vida do ser humano e às condições ambientais.

Por que a ONU, países, estados e municípios dão importância à agenda na escola? As razões são óbvias: não se pode construir um mundo sustentável, saudável e com um ambiente protegido, sem que as ações nesse sentido tenham início nas bases dos habitantes que dominam o planeta e são capazes de transformá-lo para melhor ou pior.

Assim, tem a maior lógica a frase definidora da Agenda 21 Nacional, Local e também da Agenda 21 na Escola: “pensar globalmente e agir localmente”. O conjunto das boas ações locais produz uma globalização condizente e correspondente. O saber e o fazer se estruturam na escola. Isso aprendi muito cedo com uma professora: minha mãe, Dalva Lazaroni, alfabetizadora de milhares de brasileiros como eu. Com ela não só aprendi as primeiras letras como saber amar e respeitar a natureza.

publicado por André Lazaroni em 20.1.10 |



terça-feira, janeiro 19, 2010


Assistindo diariamente, como vocês, à continuada tragédia do Haiti, e recordando o que nós brasileiros temos passado, neste 2010, com desgraças ambientais de menores proporções, mas também deploráveis, não me esqueço dos versos de Caetano e Gil. Sim, “pense no Haiti, reze pelo Haiti/ o Haiti é aqui/ o Haiti não é aqui”.

Já comentei aqui: lá, antes de tudo, o que ocorreu, além do terremoto de alta magnitude, foi a continuidade de um gigantesco desastre ambiental, que começou logo depois da chegada de Cristóvão Colombo a este nosso Novo Mundo, em 1472. O Haiti, que já foi chamado de Pérola Verde do Caribe, tornou-se exportador de café e cana de açucar para a metrópole, até sua independência em 1804. Esgotadas, as terras tornaram-se inferteis.

Com a república, nada mudou. O governo nacional haitiano também foi e continua sendo uma mãe desnaturada com seus pobres filhos. Os grandes fazendeiros, chamados de Gran Don, detém 71% das terras cultiváveis, ficando milhões de haitianos à mingua. Os pobres, que tinham alguma nesga de terra arável, não podiam comprar sementes nem equipamentos e não recebiam nenhuma ajuda do governo.

Na segunda metade do ano passado, mais miséria na área rural do Haiti: porcos, principal fonte de renda de milhares de famílias, foram abatidos por pressão dos Estados Unidos, sob a alegação de estarem contaminados pela gripe suína. Ao se instalarem precariamente em Porto Príncipe, saídos dos campos, esses milhares de haitianos foram vitimados pelo terremoto.

Quando foi dirigir a força da ONU no Haiti, o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira disse que o problema no Haiti não era militar, mas social e econômico. Raciocínio correto. E o caminho para a reconstrução e o reencontro dos haitianos com a dignidade é uma revolução verde. As Nações Unidas, através do Brasil, e os Estados Unidos, têm essa grande missão a cumprir. O Haiti deve ser reflorestado e redescobrir suas vocações agrícolas. É fundamental uma reforma agrária, com o fim do mando dos Gran Don.

Mas essa tarefa humanitária é para agora. Além da tragédia provocada pelo terremoto, o Haiti tem apenas 2% de sua vegetação original, com 80% de seus habitantes na linha de pobreza extrema. Hoje, a expectativa de vida dos haitianos é de 51 anos. É pouco, muito pouco diante da imensidade da tragédia que vivem dia a dia. Até quando?

publicado por André Lazaroni em 19.1.10 |



domingo, janeiro 17, 2010

Vou comentar mais uma vez o 2º Seminário sobre Prevenção de Acidentes em Encostas, que se realizou no Clube de Engenharia, no final de semana. Foi um evento por demais oportuno, já que em seu desenvolvimento foram apresentadas propostas para auxiliar na recuperação das áreas atingidas pelas fortes chuvas da virada do ano. Entre as principais sugestões destacam-se a estruturação de um grupo de apoio que ajude as prefeituras no mapeamento de risco, o treinamento de profissionais e a implantação de um programa de educação ambiental.

A Secretaria de Estado do Ambiente propôs a criação de um setor no Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ) para atuar no monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas. O presidente da instituição, Flávio Erthal, anunciou que o DRM quer fortalecer o Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro também na área de risco.

“Pretendemos reduzir os desastres em médio prazo. Nossa meta é realizar o mapeamento de 10 municípios em 2010. Em 2011, vamos mapear mais cidades. Além de prevenir desastres, por meio do mapeamento das áreas de risco, o serviço irá focar sua ação no uso do solo e da habitação, com a remoção de famílias, e na difusão de informações sobre o deslizamento de encostas. Vamos atuar ainda no reforço e apoio às Defesas Civis estadual e municipais - informou o presidente Flávio Erthal.

A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, em sua interveção disse que a questão das encostas é municipal, mas o Estado pode se organizar para ajudar. “O que estamos discutindo é a possibilidade de estruturar, com a parceria de universidades, um grupo de trabalho que faça um mapeamento de risco, que permite que essas prefeituras possam acessar recursos federais. Muitas vezes, essas verbas não estão disponíveis porque os municípios não acessam, por falta de bons projetos. Queremos promover um controle melhor da ocupação para que o prefeito possa, de fato, ter uma política de ocupação do solo que respeite o limite do risco à vida humana, às moradias e à infraestrutura urbana - ressaltou a secretária Marilene Ramos.

publicado por André Lazaroni em 17.1.10 |



sábado, janeiro 16, 2010

Ilustração da Enseada do Bananal após as obras

Ilustração da Enseada do Bananal hoje

Estive mais uma vez em Angra dos Reis e na Ilha Grande, neste fim de semana, em outra visita de inspeção, como deputado e presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente (CDMA) da Alerj. Do que eu vi, além da desolação natural, eu trouxe para o Rio um sentimento de muita esperança de que logo a grave situação provocada pela tragédia ambiental vai mudar.
Como está relatado em meu site, em Angra dos Reis participei de uma longa e bem produtiva reunião com a secretária Marilene Ramos, o secretário municipal de Meio Ambiente de Angra, Marco Aurélio Vargas, e diversas combativas lideranças comunitárias do município tão sofrido nestes últimos tempos. A reunião foi satisfatória. Houve o relato, pela secretária, de que o governo federal já liberou verba de R$ 80 milhões. Na recuperação de encostas serão empregados R$ 30 milhões. Os RS$ 50 milhões irão para a construção de 1.500 unidades habitacionais.
No final do dia de ontem, fiquei com a certeza de que todos nós estamos indo pelo caminho certo. Da minha parte, lutei e tenho lutado para ser um elo entre as autoridades do estado, do município e a sociedade civil organizada. Há empenho e boa vontade da secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, há empenho e boa vontade de todos.
Como sempre tenho feito, por ando vou fotografando o que interessa. São registros importantes. Vocês podem ver, aqui neste espaço, fotografias da Enseada do Bananal, hoje, e como ficará após as obras de restauração a serem feitas. São projeções feitas por técnicos nesse tipo de trabalho. Outras fotos mostram o Morro da Carioca na mesma situação, hoje e sem as casas nas encostas.
Como sempre, companheiros e companheiras de luta ambientalista, cresce em mim a certeza do dever cumprido.
Até sempre, Saudações verdes peemedebistas.

publicado por André Lazaroni em 16.1.10 |



sexta-feira, janeiro 15, 2010


Foi com emoção que assisti ontem, pela TV, ao embarque de 30 militares do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio num avião da FAB, com destino a Porto Príncipe, capital do Haiti, para auxiliar nas buscas e socorro às vítimas do terrível terremoto que devastou aquele país, na terça-feira. Profissionais dedicados e competentes, eles trabalharam sem parar em Angra dos Reis e Ilha Grande, desde o dia 1 até terça-feira, no resgate de corpos das vítimas dos deslizamentos. Integrantes dos grupamentos de Busca e Salvamento e Meio Ambiente, os bombeiros praticamente só tiveram tempo de voltar aos quarteis e às suas casas, para arrumar os equipamentos e a pequena bagagem individual.

A heróica equipe levou 2,5 toneladas de equipamentos, mais 500 quilos de mantimentos e medicamentos, além de quatro cães farejadores. Foram acompanhados de dois médicos especializados em atendimentos a vítimas de traumas. Na véspera eles passaram a madrugada preparando o material. Os bombeiros, em sua ação, fazem uma ação também benemérita, ao nível da dedicação aos seres tão desprotegidos como fazia a Dra Zilda Arns. Que Deus a tenha e que Deus os ampare e proteja.

publicado por André Lazaroni em 15.1.10 |



quinta-feira, janeiro 14, 2010

Estou profundamente consternado com as consequencias do terremoto no Haiti. As imagens da devastação da capital, cidades portuárias e interior são impressionantes. Foi um tremor que abalou o mundo. O índice atingido dá bem a dimensão do grande infortúnio haitiano: 7 graus. A escala Richter, que mede a intensidade dos sismos, vai de zero a 10. Expresso aqui os meus sentimentos às tão sofridas famílias dos envolvidos na tragédia, aos soldados brasileiros que lá estão em missão de paz, aos voluntários civis, e em especial à família da Dra Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista, que desde a primeira hora empenhou seu maravilhoso trabalho à frente das pastorais da Criança e do Idoso.Não foi por pouco argumentação que milhares de pessoas e respeitáveis organizações, no Brasil e no exterior, pediram a concessão do Prêmio Nobel da Paz à Dra Zilda Arns. Mais do que uma agente de Saúde, ela revolucionou a assistência médico-social aqui e em dezenas de outros países. A Dra Zilda popularizou o soro caseiro – uma singela mistura de água filtrada ou fervida e pitadas de açúcar e sal – que salvou e tem salvado milhares de crianças todos os anos. E como posso saber se o soro está temperadinho de sal e açúcar? Perguntou certa vez uma mãezinha. A Dra Zilda respondeu com uma frase maravilhosa, que logo ganhou o mundo: o soro caseiro tem o gosto da lágrima...Quem melhor definiu o destino da abnegada médica foi seu irmão, o também abnegado Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal-Arcebispo Emérito de São Paulo: “minha irmã morreu de uma maneira muito bonita, na causa em que sempre acreditou. Não é hora de perder a esperança.”As palavras finais de Dom Paulo têm um tom profético: agora, mais do que nunca, é hora de a comunidade internacional agir decisivamente e dar esperança aos haitianos. Não bastassem os terremotos – como o de agora – e as tormentas tropicais que varrem quase todos os anos a Ilha de Hispaniola, no Caribe, o país tem sofrido nas mãos de governantes extremamente corruptos e assassinos, como foram os ditadores François Duvalier, o Papa Doc, e seu filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc.Sempre que ocorre uma tragédia ambiental, há milhares de mortos no Haiti e pouco mais uma centena de mortos em Santo Domingo, na outra parte da Ilha de Hispaniola. Por quê? Mais de 95% do território haitiano foram desflorestados e desmatados para a extração de lenha e o cultivo de canaviais. Sem vegetação para absorver a chuva, as águas formam enormes enxurradas, que arrastam sedimentos e geram ondas de lama que invadem casas e todo tipo de construção. Em 2004, a inundação que assolou a cidade portuária de Gonaives, de 200 mil habitantes, atingiu 3 metros de altura.Além, das manifestações de pesar e solidariedade, o Haiti e seu povo tão sofrido, mas tão alegre e festivo, como o brasileiro, têm que receber mais e mais ajuda. Hoje e sempre.

publicado por André Lazaroni em 14.1.10 |



terça-feira, janeiro 12, 2010

A tragédia ambiental de Angra dos Reis não pode ser esquecida, ficando restrita a pequenos espaços das páginas dos jornais diários. Angra é um espelho dos incontáveis problemas que afligem o Estado do Rio e que se repetem lamentavelmente ano a ano. Há muitos planos emergenciais para a cidade, sem levar em conta pareceres técnicos e inspeções de instituições, engenheiros e geólogos respeitáveis. Uma dessas instituições é o DRM-RJ. No âmbito do Poder Legislativo, buscarei apresentar soluções que encarem os problemas de forma definitiva e ouvindo também quem tem muito o que dizer: a população de Angra dos Reis, tão sofrida nestes dias de janeiro.

publicado por André Lazaroni em 12.1.10 |



segunda-feira, janeiro 11, 2010

Volto hoje à capital depois de longa e demorada visita de inspeção à cidade de Angra dos Reis e à Ilha Grande. Passada a tragédia ambiental, com 21 mortes tão lamentadas, estudos e índices formulados por pesquisadores e cientistas nos deixam muito mais preocupados e com a responsabilidade de agir sem perda de tempo. Angra dos Reis tem 65% de sua população vivendo em encostas.A Rodovia Rio-Santos tem 39 áreas de risco entre Conceição do Jacareí, em Mangaratiba, até a entrada principal de Angra dos Reis. Há risco geológico, com maior ou menor grau, em 81% dos municípios do Estado do Rio. Esses riscos são de inundações e movimentos de massa em encostas.

publicado por André Lazaroni em 11.1.10 |



sábado, janeiro 09, 2010

O site do Instituto Estadual do Ambiente, Inea, divulgou, ontem, dia 08, informação dando conta de que a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, também apoia a criação de um setor do Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), para atuar no monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas em todo o Estado do Rio.

O apoio é fundamental, mas... esse setor já existe!
Como já revelei aqui, em julho de 2009, o DRM-RJ fez um plano de trabalho de seu Centro de Prevenção e Análise de Desastres Naturais do Estado do Rio de Janeiro, para a estação das chuvas de 2009/2010. A finalidade do Centro é implementar ações coordenadas entre os diversos órgãos públicos, em especial com a Defesa Civil estadual e as correspondentes municipais, a Emop, a CPRM, as universidades e associações técnicas, para o mapeamento geológico de áreas de risco para a prevenção de desastres naturais, como os escorregamentos de terra. Em dezembro passado foi entregue nas mãos do secretário Julio Bueno, na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico,Energia, Indústria e Serviços, os custos do projeto para obtenção de mais dados.
Revelei mais: ao Centro de Prevenção e Análise de Desastres Naturais do Estado do Rio de Janeiro é reservada a importante missão de coordenar ações e prevenir o estado e os nossos 92 municípios, compilando informações e organizando um grande banco de dados para o conhecimento de todos.

publicado por André Lazaroni em 9.1.10 |



sexta-feira, janeiro 08, 2010

Com solidariedade e respeito à sofrida população de Angra dos Reis e Ilha Grande estarei a partir de hoje na região, em missão parlamentar.
Como resultado disso, um relatório será enviado ao Ministério Público Estadual e a diversos órgãos do governo do estado.
Estarei acompanhado, em diversas inspeções, de técnicos da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj (CDMA) e de geólogos do Departamento de Recursos Minerais do Estado (DRM-RJ).
Nossa missão estará até segunda-feira, dia 11, nos locais da tragédia ambiental que se abateu sobre Angra e Ilha Grande, no inicio do ano.
Ainda hoje, às 16h, no Iate Clube Aquidabã, em Angra, presidirei um encontro com pesquisadores, representantes do DRM-RJ e Inea e dirigentes de entidades ambientalistas e da sociedade civil.
Vem de longe a minha preocupação com a Ilha Grande e Angra dos Reis. Ela tem origem nos meus tempos de advogado ambientalista, antes mesmo do meu primeiro mandato parlamentar, conquistado nas urnas em 2002.

publicado por André Lazaroni em 8.1.10 |



quinta-feira, janeiro 07, 2010

A cada dia que passa, com a sucessão de tragédias ambientais em nosso estado e em todo o Brasil, mais cresce de importância o nosso recém-criado PMDB Verde. Nossa bandeira de luta, lançada por mim na memorável reunião na ABI, defende o debate e a educação ambiental, o cumprimendo da Agenda 21, o Estatuto das Cidades e o desenvolvimento sustentável.
O clima da Terra mudou e seus efeitos nos afetam de forma grave. Hoje temos tornados frequentes no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, chuvas torrenciais e secas persistentes na Amazônia, chuvas pesadas no Sudeste. Não bastasse isso, as cidades não têm controle sobre edificações irregulares em encostas, nem em margens de rios assoreados. Há a necessidade de novas leis ambientais, preparo e unidade de métodos de trabalho dos que trabalham em defesa civil.
O PMDB Verde, herdeiro de um partido de grande projeção e estabelecido em todo o país, vai levar a mensagem inovadora sobre o Meio Ambiente aos 92 municípios do Estado do Rio, conscientizando a cidadania e lutando pelas mudanças.
Conto, agora com mais pressa, com minhas companheiras e meus companheiros nesse caminhar que é fundamental e é de todos.
Saudações verdes peemedebistas!

publicado por André Lazaroni em 7.1.10 |



Informação importante e que vem derrubar argumentos daqueles que não acreditam em aquecimento anormal do planeta. Os alertas de cientistas começaram há 180 anos, com a revelação de estudos do matemático e físico francês Jean Baptiste Fourier. Ele calculou que a Terra seria muito mais fria se não existisse a atmosfera. Há 148 anos, o cientista irlandês John Tyndall descobriu que alguns gases, como dióxido de carbono e metano, aprisionam a radiação infravermelha, criando o efeito estufa.

Mais pesquisas científicas que vêm de longe: o químico sueco Svante Arrhenius, que recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1903, mostrou que a queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão produz dióxido de carbono (CO2). Ele calculou que a temperatura da Terra aumentaria 5°C com o dobro de CO2 na atmosfera.

Estudos modernos que irritam principalmente os grandes capitalistas, que falam pela boca de cientistas e pesquisadores comprados a peso de milhões de dólares, são do norte-americano Charles David Keeling, que ativou uma estação de medições de dióxido de carbono no alto do monte Mauna Loa, no Havaí, a 3,4 km do nível do mar, e detectou a elevação anual de CO2 atmosférico, com o aumento do uso dos combustíveis fósseis, a partir do final dos anos 40.

Os relatórios de hoje, do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU, foram divulgados em 1990, 1995 e 2001. Em 2007, o Painel lançou o documento que se tornou o consenso científico sobre aquecimento, elaborado por 1.200 cientistas independentes e 2.500 revisores. Entre os pesquisadores estão 10 brasileiros, que também receberam o Prêmio Nobel da Paz daquele ano. Outro agraciado foi o ex-vice-presidente Al Gore, dos Estados Unidos.

publicado por André Lazaroni em 7.1.10 |



quarta-feira, janeiro 06, 2010

Na reparação dos graves danos causados aos moradores e à cidade de Angra dos Reis e Ilha Grande, pelas chuvas torrenciais e desabamentos de 1º de janeiro, é fundamental que todos sejam ouvidos e respeitados em suas observações. Há o caso da Área de Proteção Ambiental (APA) de Tamoios, na ilha, que moradores não querem ver ocupada por mais construções. O mesmo é reivindicado por associações da sociedade civil em Angra, para impedir o incremento da especulação imobiliária em encostas.

A professora Norma Valencio, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desastres da Universidade Federal de São Carlos (Neped-UFSCar) defende outro ponto de vista também relevante. Em entrevista a O Globo, ela afirmou que “a Defesa Civil não se sente legitimada (em casos como os que têm ocorrido), porque não existe planejamento integrado. Por isso, classificam fenômenos assim como fatalidades. Falta um fazer político competente.”

Um bom exemplo desse fazer político competente é o que vigora na Baixada Fluminense, na execução do Projeto Iguaçu, o PAC da Baixada. Um conjunto de obras vem dragando e urbanizando os rios Botas, Iguaçu e Sarapuí e removendo famílias de áreas de risco, contribuindo significativamente para a melhoria das condições sanitárias e da qualidade de vida da população de áreas sujeitas a inundações periódicas. Em Belford Roxo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e outras cidades da região, nada é feito sem que a sociedade civil seja chamada a opinar.

Quem atua de forma participativa e democrática é o Comitê de Acompanhamento, que analisa e critica as ações programadas e executadas pela coordenação do Projeto Iguaçu/PAC. Ele é formado por representantes da população, das prefeituras integrantes da bacia e das principais instituições vinculadas, direta ou indiretamente, com a gestão dos recursos hídricos no Estado do Rio. Assim, ele oferece espaço de representação dos interesses da sociedade e do poder público no controle das enchentes locais. Esperamos que ele possa expandir sua atuação na gestão dos recursos hídricos do conjunto dos nossos municípios.

Os comitês de acompanhamento se reúnem mensalmente nos municípios integrantes da bacia, estabelecendo um rodízio dos locais, procurando a aproximação com as federações de associações de moradores envolvidas no Projeto Iguaçu. O Comitê de Acompanhamento, muitas vezes, orienta as visitas de campo realizadas pela equipe do projeto, fornecendo informações necessárias aos técnicos para a rápida adequação dos seus projetos às condições encontradas no campo.

Como exemplos de resultados, são relevantes as modificações feitas no projeto do Canal Maxambomba, adequando seu traçado à atual disposição das habitações ribeirinhas. Outro exemplo: a adaptação de aspectos técnicos do projeto às possibilidades de remoção e reassentamento das famílias, levando em consideração as atitudes da população a ser atingida e as condições de atuação dos governos municipais envolvidos.

publicado por André Lazaroni em 6.1.10 |



Hoje, Angra dos Reis faz 508 anos de fundação. Meus respeitos e minha solidariedade à população.

União de propósitos e objetivos políticos e administrativos comuns, prevaleceram na reunião de ontem do vice-governador Pezão, secretários de Estado e o presidente do Inea, com prefeitos de Angra dos Reis e Baixada Fluminense. Projetos de obras de contenção de encostas, dragagem e urbanização de margens de rios e de infraestrutura, como casas e saneamento ambiental, serão levados num único pacote ao presidente Lula, para liberação de recursos.

Na reunião, o prefeito Tuca Jordão pediu a construção, em um ano, de 800 unidades habitacionais, para os moradores das áreas de risco. Em Monsuaba, a previsão é de 480 apartamentos. O vice-governador e secretário de Obras Luiz Fernando Pezão acredita que podem ser construídas três mil unidades, em Angra e Baixada. O assunto será tratado com o presidente Lula em sua visita ao Rio, dia 13.

Outra boa nova: pesquisadores, técnicos, engenheiros e geólogos do Coppe/UFRJ vão trabalhar lado a lado com o pessoal altamente qualificado da Geo-Rio, no estudo e mapeamento das áreas de risco de Angra dos Reis.

Nesta quarta-feira, as secretárias estaduais Marilene Ramos, do Ambiente, e Benedita da Silva, de Assistência Social e Direitos Humanos, passam o dia em Angra, para ter uma dimensão maior da tragédia ambiental e fornecer recursos urgentes à população e à prefeitura. O prefeito Tuca Jordão entrega ao governo do Estado Relatório de Avaliação de Danos (Avadan), necessário para a decretação do estado de calamidade na cidade.

publicado por André Lazaroni em 6.1.10 |



terça-feira, janeiro 05, 2010

Certamente será aprovada pelo governador Sérgio Cabral proposta da Secretaria do Ambiente, de criação de um programa de monitoramento constante das encostas da BR-101 (Rio-Santos) e das cidades de seu entorno no estado do Rio, como Angra dos Reis e Paraty. A ideia é evitar, com vigilância constante feita por profissionais de geotecnia, a construção de imóveis em áreas sujeitas a deslizamentos que acontecem por causa da formação geológica do solo das regiões.

Além da proposta oportuna, a secretária Marilene Ramos citou notável experiência que conheço bem, com meus estudos na área ambiental, minhas leituras e meus permanentes contatos com pessoas com mais de 60 anos, conhecedoras de fatos históricos. Trata-se das realizações do Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, hoje Fundação Geo-Rio, órgão da Secretaria de Obras, criado em 12 de maio de 1966, pelo Decreto nº 609, assinado pelo então governador do Estado da Guanabara, embaixador Francisco Negrão de Lima.

O Instituto nasceu diante de uma tragédia de grandes proporções. No verão daquele ano, centenas de acidentes geotécnicos nas encostas cariocas provocaram desabamentos que resultaram em 70 mortos e mais de 500 feridos. As situações de risco foram cadastradas e obras executadas para as suas eliminações. Um quadro técnico de especialistas, principalmente engenheiros civis e geólogos, liderados pelo engenheiro Raymundo Paula Soares (hoje nome de túnel na Linha Amarela) trabalhou com dedicação à cidade, fazendo obras públicas de contenção.

Infelizmente, em fevereiro de 1967, quando o Instituto concluía suas primeiras ações, chuvas torrenciais caíram sobre a cidade, causando cerca de 100 mortes, com casas e ruas destruídas e nova situação de calamidade se instalando em diversos bairros. O trabalho não parou.

Surgiram à vista, nos morros cariocas, verdadeiras esculturas em concreto e aço, multiplicadas nos pontos mais inacessíveis das encostas. Muitas podem ser observadas, hoje, em encostas de morros da Lagoa e Ipanema. O engenheiro Paula Soares tornou-se figura popular ao sobrevoar e inspecionar as obras, todos os dias, num pequeno helicóptero apelidade de "Bolha". Como diz a história da Geo-Rio, tornava-se realidade, pela primeira vez na vida da cidade, a implantação de uma política racional de ocupação das encostas que estabelecia os critérios técnicos na definição das áreas sujeitas a risco de deslizamento.

Em fevereiro de 1988, e em fevereiro de 1996, mais chuvas torrenciais sobre o Rio provocaram centenas de acidentes geológicos, com mais de cem mortes. A “Geotécnica”, como a população a tratava, trabalhou com resultados positivos.

A Geo-Rio, além de suas atribuições cotidianas, desenvolveu novas técnicas de contenção, com materiais alternativos como pneus e fibras vegetais; metodologias para mapeamentos geológico-geotécnicos e de risco em escalas de detalhe foram desenvolvidas e executadas em dezenas de encostas ocupadas; delimitações físicas de áreas de risco foram implementadas e a cidade passou a contar com um pioneiro sistema de alerta de chuvas intensas e de deslizamentos em encostas, o Sistema Alerta Rio, hoje referência nacional e internacional em termos de sistema de alerta.
Agora em Angra dos Reis, a pedido do governo do estado e a mando do prefeito Eduardo Paes, a Geo-Rio atua na elaboração de um relatório sobre a tragédia dos nossos dias. Atenção especial é dada à BR-101, ponto de saída da Usina Nuclear de Angra, que precisa com urgência ter um programa de monitoramento de suas encostas.
O pioneirismo mundial do Instituto (Geo-Rio), aliado ao conhecimento e ao empreendedorismo de seu quadro técnico, levou, em pouco tempo, ao seu reconhecimento como órgão geotécnico de excelência a nível mundial. O prestígio segue em ascensão.

publicado por André Lazaroni em 5.1.10 |



segunda-feira, janeiro 04, 2010

Preocupante. Pesquisa da consultoria de comportamento do consumidor InSearch, de São Paulo revela que 20 milhões de brasileiros, novos integrantes da classe C – classe média baixa – que têm renda mensal entre R$ 1.000 e R$ 4.500, não se preocupam com o consumo responsável. Isto é: não querem saber se a carne que compram vem de um frigorífico, da Amazônia ou de um matadouro clandestino. Eles querem é usar o poder de compra.
Fábio Mariano, professor da ESPM e sócio da InSearch, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, que a classe C quer saber quanto os eletrodomésticos consomem de energia não porque tem uma preocupação ecológica e sim porque quer economizar dinheiro.
Frase de Fábio Mariano: “Essas pessoas, que até 2000 chamávamos de excluídos, ganham uma grana legal para fazer a festa no shopping. E há também o grande boom, que é a expansão do crédito. Mas só isso não adianta. A educação que recebem não está melhor. E precisa ter um certo aparelhamento pessoal para entender o conceito de sustentabilidade.
Digo eu: todos nós sabemos que as pessoas evoluem socialmente quando alcançam o degrau da cidadania. Para isso é necessário Educação. E com o reforço desse conceito nada novo, mas pouco aplicado: a Educação Ambiental.
Essa é uma das nossas grandes bandeiras de luta parlamentar.

publicado por André Lazaroni em 4.1.10 |



Nestes dias de tanta tristeza trazida pelos desastres ambientais que ainda assolam o nosso estado, vale a pena conhecer a iniciativa da cidade paranaense de Cianorte, a 183 quilômetros de Londrina e a 518 quilômetros de Curitiba, que desenvolve uma experiência exemplar com seu Projeto de Educação Ambiental Parque Cinturão Verde.

O parque é uma floresta nativa com cerca de 300 hectares, antes vítima de destruição, com incêndios, depósitos de lixo, corte de árvores e loteamentos clandestinos. A proprietária da área, Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, doou a floresta à prefeitura, que a transformou em Unidade de Conservação Municipal.
Dizem os professores de Cianorte que “a escola é o espaço social e o local onde o aluno dá sequência ao seu processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis”.
Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola de Cianorte ajuda o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental é abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares.
Afirmam mais os professores desse projeto exemplar: “a Educação Ambiental contribui para o envolvimento ativo do público, tornando o sistema educativo mais relevante e realista. Em seu processo participativo, o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem. Ele participa ativamente do diagnóstico dos problemas ambientais e busca soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes e conduta ética, condizentes com o exercício da cidadania.
Parabéns, Cianorte! Nós também chegaremos lá! A Educação Ambiental é fundamental em nosso processo de ensino.

publicado por André Lazaroni em 4.1.10 |



domingo, janeiro 03, 2010

Com a tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande, outro grave problema ambiental passou a segundo plano, nas atenções de mídia. Mas ele é preocupante. Refiro-me às enchentes na Baixada Fluminense, principalmente em Belford Roxo, Nova Iguaçu e Duque de Caxias. Centenas e centenas de famílias ainda estão fora de suas casas alagadas pelas águas dos rios Botas, Sarapuí e Iguaçu.

Com o fim das chuvas, técnicos do Inea fizeram reparos em dois pontos do dique da lateral esquerda do Rio Iguaçu que romperam na última quinta-feira, nas localidades de Amapá e Cidade dos Meninos. Outras duas equipes trabalham na abertura controlada dos diques do Pilar, em Duque de Caxias, e Oteiro, em Belford Roxo.

Os desabrigados começarão a voltar aos lares possivelmente na segunda-feira. É fundamental que a Secretaria estadual do Ambiente conclua logo as obras do Projeto Iguaçu, que conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). Esse projeto consiste numa série de grandes intervenções nas bacias dos rios Iguaçu, Botas e Sarapuí.

Dois bairros de Duque de Caxias, Pilar e Amapá, e um de Belford Roxo, Lote XV, estão localizados em áreas muito baixas. Segundo o Inea, eles ficam mais vulneráveis com as chuvas fortes. Os diques existem para controlar o volume das águas dos rios, evitando as enchentes nessas áreas mais baixas.

Quando há um rompimento, as áreas que estão abaixo do nível dos rios e já ficam alagadas, recebem um volume ainda maior de águas que só esgotam com o fim das chuvas. Infelizmente, essa é uma trágica rotina que se repete ano a ano, com grandes prejuízos para populações pobres.

publicado por André Lazaroni em 3.1.10 |



sábado, janeiro 02, 2010

Dor. Luto. Lamento. Pêsames. Todos temos o mesmo sentimento de tristeza trazido pela tragédia ambiental que se abateu sobre o Estado do Rio e o sudeste brasileiro, nos últimos dias de 2009 e nas primeiras horas de 2010. A hora é de reflexão e de aumentar o nosso esforço em defesa de um meio ambiente sustentável e sem riscos. Lamento o sofrimento das dezenas e dezenas de famílias em meu nome, em nome de meus familiares e dos meus milhares de amigos e companheiros de luta ambiental.

publicado por André Lazaroni em 2.1.10 |



sexta-feira, janeiro 01, 2010

Pense, reflita, participe: já estamos no Ano Internacional da Biodiversidade, patrocinado pela ONU. Uma sucessão de eventos vai, ao longo de 2010, cumprir meta estabelecida em 2006, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de chamar a atenção da Humanidade para a perda contínua da biodiversidade. E o que é biodiversidade ou diversidade biológica? É a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo ecossistemas terrestres e marinhos. A biodiversidade refere-se à imensa vida na Terra.
Ela inclui a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos organismos.
A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, a base para a estratégica indústria da biotecnologia. No decorrer deste ano, a União Internacional para a Conservação da Natureza, órgão da ONU, estará lançando uma relação diária de 365 animais, plantas e fungos que estão em vias de extinção, para chamar a atenção de todos para o fato de que a vida na Terra está enferma. O primeiro ser da relaçao, neste dia 1 de janeiro, é o urso polar, que vive no Ártico.

publicado por André Lazaroni em 1.1.10 |




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