Andre Lazaroni

segunda-feira, abril 19, 2010


Hoje, 19 de abril, é o Dia do Índio. A data exige uma reflexão de todos nós – principalmente dos ambientalistas – sobre os direitos desses brasileiros que tão pouco têm e que são tão pouco olhados pelo nosso processo civilizatório. Neste dia especial, a população indígena que vive na aldeia localizada em Camboinhas, Região Oceânica de Niterói, comemora o resgate de sua cidadania. O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, faz a entrega de certidões de nascimento de nove membros da tribo guarani.

Na certidão consta o nome tupi-guarani da pessoa, antes do nome em português. Uma iniciativa inédita e de resgate da cidadania em nosso estado, e que tem por objetivo preservar a identidade cultural e linguística do povo guarani. Antes, a certidão trazia em primeiro lugar o nome em português do índio.

Outra iniciativa louvável: o Museu Nacional inicia hoje o Curso Básico de Línguas Indígenas Brasileiras com Especial Atenção às Línguas da Família Tupi-Guarani, voltado para quem quer aprender mais sobre questões linguísticas e a sociedade indígena. O curso, gratuito, se estende até o dia 24 de maio, no Departamento de Antropologia, Setor de Linguística, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Quem sabe se ainda dá tempo para novas inscrições. Ligue para o telefone (21) 2568-9642, ramal 205. Informação na Internet: http://www.museunacional.ufrj.br/setorling/ling_ind_ext.htm.

Em 19 de abril de 2003, povos indígenas reunidos em Bertioga, São Paulo, firmaram uma declaração, por iniciativa do grande líder Marcos Terena. Diz ela em seu início: “hoje os povos indígenas estão descobrindo que a luta do índio pela demarcação das terras, pelo respeito à cultura, pelo respeito ao grande Criador, sempre foi uma forma de vida que foi ensinada pelas mulheres, pelos homens e pelos velhos nas nossas aldeias. Mas hoje queremos fazer um Dia do Índio diferente.

Não queremos no dia de hoje falar do governo, porque o governo não fala de nós. Não queremos criticar o governo porque mais importante neste dia é olhar para cada um de vocês e descobrir que juntos estamos construindo uma nova história do Brasil. Por isso, quando cantamos nossas canções, quando dançamos nossas danças, muitas pessoas não entendem. Muitas pessoas pensam que isso significa apenas uma demonstração. Mas quando fazemos isso com nossos velhos, mulheres e crianças, estamos fazendo em homenagem aos peixes, à tartaruga, à arara, à anta, ao milho, à mandioca, à terra e à vida.

O Dia do Índio, a partir de hoje, é o Dia da Consciência Indígena. E isso não depende apenas dos povos indígenas, mas de todos aqueles que querem construir um Brasil melhor, e quando falamos isso, significa que o governo federal não pode fugir da sua responsabilidade de fazer uma política de ação para o respeito à nossa cultura e aos nossos valores. O respeito ao nosso direito sobre a biodiversidade e aos nossos valores econômicos, onde ser rico não significa ter dinheiro no banco, mas ter paz, ter comida, e ter onde viver e até onde morrer. Feliz Dia do Índio e até o próximo ano.”

Feliz Dia do Índio, povos guarani, tupinambá, terena, enfim vocês todos que nos dão exemplos, todos os dias, da arte tão simples, tão bela e tão saudável de viver em harmonia com a natureza.

André Lazaroni.

publicado por André Lazaroni em 19.4.10



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