sábado, julho 10, 2010
Estudo identifica flora da Mata Atlântica
Mais de um ano de pesquisa, e 28 excursões em restingas e florestas de encostas do estado do Rio para coletar material botânico e fazer observações de campo, levaram a professora Genise Vieira Somner, do Departamento de Botânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) a uma busca minuciosa e à identificação de dezenas de espécies de trepadeiras da Mata Atlântica. Com apoio da FAPERJ, por meio de um Auxílio Básico à Pesquisa (APQ 1), ela decidiu estudar as trepadeiras da família Sapindaceae.
Entre as regiões visitadas nas excursões botânicas, estão os municípios de Cabo Frio, Carapebus, Itatiaia, Magé, Maricá, Paracambi, Paulo de Frontin, Quissamã, Rio das Ostras e Teresópolis, além da Ilha da Marambaia, que abrange os municípios do Rio, Itaguaí e Mangaratiba. As coletas de Sapindaceae foram feitas mensalmente, em caminhadas ao longo de trilhas naturais. Para alcançar espécie nas copas das árvores, foram utilizadas técnicas acrodendrológicas, com materiais de escalada para auxiliar nas coletas.
Afirmou a professora Genise Vieira Somner: “essa família de trepadeiras encontra-se bem representada na Mata Atlântica, a mais rica em espécies por hectare e a mais ameaçada de todo o continente, preservando apenas 8% da sua cobertura vegetal em condições próximas às originais. Comuns nas bordas das matas e nas copas das árvores, elas dão frutos diversos que contribuem para a alimentação da fauna local e apresentam flores pequenas, geralmente brancas ou amareladas. Poucos estudos haviam sido desenvolvidos até então sobre ela no estado do Rio de Janeiro”.
O trabalho de campo, que deu preferência a locais ainda não pesquisados, rendeu um numeroso inventário de espécies. No estudo foram registradas 74 espécies de trepadeiras, distribuídas em cinco gêneros, que são Cardiospermum (4), Paullinia (20), Serjania (41), Thinouia (3) e Urvillea (6). Os gêneros são considerados de difícil identificação por serem semelhantes, sendo confundidos nas coleções de herbários. A identificação foi feita por meio da comparação com materiais armazenados nos herbários de diversas instituições e de bibliografia específica. Das 74 espécies estudadas, 47 são endêmicas do Brasil.
Destas, 17 são endêmicas da Região Sudeste do país e seis são endêmicas do estado do Rio de Janeiro. Quarenta espécies ocorrem somente na Mata Atlântica, destacando-se as Serjania, com 30 espécies. Duas espécies, a Paullinia thalictrifolia e Serjania nigricans, correm risco de extinção. A professora Genise Vieira Somner ganhou uma bolsa de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para dar continuidade ao estudo das Paullinia, gênero que foi tema de sua tese de doutorado, nos Estados Unidos. O projeto será desenvolvido na Smithsonian Institution, em Washington, em 2011.
publicado por André Lazaroni em 10.7.10
0 Comments:
Postar um comentário
<< Voltar