Andre Lazaroni

segunda-feira, maio 31, 2010


Não é de hoje que vem a fama do Inpe como instituição exemplar e de alto grau técnico e científico. Ele forma, com o Ita, o Inpa, a Coppe/UFRJ, as inúmeras divisões da Embrapa e várias outras entidades brasileiras, um time de grande prestígio internacional. Seu pessoal tem alto gabarito. Agora, um astrofísico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Eder Martioli, dá uma demonstração de seu saber excepcional. Métodos desenvolvidos por ele, doutorando do curso de pós-graduação em Astrofísica do Inpe, contribuíram para identificar dois planetas que orbitam a mesma estrela, mas em diferentes inclinações. A descoberta do grupo de pesquisa do Observatório McDonald da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, acaba de ser publicada na versão online do Astrophysical Journal: http://iopscience.iop.org/0004-637X/715/2/1203/

Informa o Inpe que a tese de doutorado de Eder Martioli consiste no desenvolvimento de técnicas para medir a inclinação orbital e a massa de candidatos a exoplanetas, ou seja, planetas em órbita de outra estrela que não seja o Sol. O astrofísico brasileiro passou um ano na Universidade do Texas, entre 2007 e 2008, aprendendo novas técnicas e contribuindo com o desenvolvimento dos métodos para a análise dos resultados das pesquisas do grupo americano. Afirma ele: “pela primeira vez se mediram as inclinações das órbitas de dois exoplanetas de um mesmo sistema planetário. Esse sistema, chamado Upsilon Andromedae, possui três planetas detectados, sendo que, surpreendentemente, dois deles possuem órbitas não alinhadas. Essas medidas foram realizadas com a mesma técnica descrita em minha tese”. Eder tem defesa do doutorado marcada para 9 de junho, no Inpe de São José dos Campos.

A descoberta sobre o sistema Upsilon Andromedae deve influenciar os estudos sobre a evolução dos sistemas compostos por vários planetas, ao mostrar que nem sempre todos eles orbitam a estrela num mesmo plano. O desalinhamento destes exoplanetas sugere ainda que eventos violentos podem perturbar órbitas mesmo depois de o sistema estar formado. O estudo foi baseado nos dados obtidos pelo Telescópio Espacial Hubble, Telescópio Hobby-Eberly e outros telescópios baseados no solo, combinados com modelos teóricos. Há mais de dez anos que os astrônomos sabem que três planetas do tamanho de Júpiter orbitam a estrela Upsilon Andromedae, semelhante ao Sol e a 44 anos-luz. Ela é um pouco mais jovem, brilhante e tem mais massa que o Sol. O grupo de pesquisadores determinou a massa de dois dos planetas, Upsilon Andromedae c e d, e descobriu que não estão no mesmo plano.

O estudo mostra que as órbitas de c e d estão inclinadas em 30º em relação uma a outra. A equipe descobriu ainda um quarto planeta, muito mais distante da estrela. O estudo aponta que diversos cenários gravitacionais poderiam ter causado a inclinação notável em Upsilon Andromedae, incluindo interações durante a migração de um planeta para mais perto da estrela, perturbações causadas por uma outra estrela ou a expulsão de um planeta para fora do sistema.

publicado por André Lazaroni em 31.5.10



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