Andre Lazaroni

segunda-feira, maio 24, 2010


O Laboratório Virtual da Embrapa nos Estados Unidos (Labex-EUA) vai testar uma nova tecnologia no manejo e monitoramento das florestas nativas da Amazônia. Trata-se do sistema Lidar (pronuncia-se Laidar - perfilamento a lazer aerotransportado), que representa uma evolução na obtenção de informação sobre composição e estrutura, redes de drenagem e topografia, em florestas tropicais. No modelo tradicional todas estas informações são obtidas diretamente de medidas feitas em campo ou por meio de imagem de satélite. O Lidar não somente permitirá ter as informações em alta resolução, mas também em 3 D. A tecnologia será testado em duas áreas de 500 hectares na Floresta Estadual de Antimary (FEA), situada no município de Sena Madureira, no Estado do Acre.

A iniciativa é fruto da parceria entre a Embrapa, o Serviço Florestal Americano (Forest Service) e o Governo do Acre. O uso de imagem de satélite o monitoramento é feito em duas dimensões, latitude e longitude, e normalmente a resolução no terreno não é suficiente para medir com precisão pequenos impactos produzidos na floresta pelo manejo florestal, como o corte de uma única árvore, por exemplo. Com o sistema Lidar é acrescentada a altitude como terceira variável, permitindo, por exemplo, a avaliação da biomassa florestal árvore a árvore e em 3D. Para conseguir essa terceira dimensão, o novo sistema realiza uma espécie de escaneamento da área a ser manejada por meio do sobrevoo e da utilização de um pulsor de laser acoplado a um GPS, que emite feixes luz em frequência elevada, de 100 mil a 200 mil pulsos por segundo. Esses feixes têm a capacidade de se infiltrar pela vegetação mais fechada até atingir o solo.

Como cada pulso refletido retorna um ou mais pontos com coordenadas x, y e z ao final consegue-se uma espécie de fotografia em três dimensões da região. Desta forma, é possível se obter, por esse sistema, informações praticamente impossíveis de se conseguir pelo uso de outras ferramentas de sensoreamento remoto, tais como relevo e hidrografia de áreas florestais em alta resolução. Nesses casos, o grau de precisão das imagens do sistema Lidar, ao nível do solo, chega a ser de apenas 15 cm. Além disso, o sistema Lidar também permite estimar com precisão a quantidade de biomassa das árvores da floresta (avaliações da madeira e do carbono).

Em termos gerais, o sistema Lidar deverá proporcionar diversas aplicações, desde estudos de ecologia, e dinâmica de florestas, o monitoramento dessas áreas para o controle de desmatamento e atividades de exploração ilegal de madeira, além do manejo propriamente dito, visando ao aproveitamento sustentável da floresta. O sistema Lidar vem sendo usado com sucesso, especialmente no manejo de florestas temperadas, em países como os Estados Unidos e Canadá, desde meados dos anos 1990. Nesses países o sistema tem também sido usado em áreas remotas como as florestas do Alaska, que tem três pontos comuns com as florestas da Amazônia: grandes áreas, dificuldade de acesso e restrições climáticas para trabalho de campo. No caso do Alaska o inverno e na Amazônia a estação de chuvas.

Estudos com Lidar de média resolução já foram feitos em outras regiões tropicais como na Costa Rica e Peru. Entretanto, esta será a primeira vez que a tecnologia é uma ferramenta de planejamento e monitoramento em florestas tropicais, como as encontradas na Amazônia. Para isso, será realizado um voo sobre duas áreas de 500 hectares no projeto de manejo florestal do FEA. A primeira área é parte de um compartimento explorado em 2009 e a segunda uma área de floresta, ainda intacta, prevista para ser manejada em 2010. Com essa experiência, cientistas querem saber se será possível obter com o uso dessa tecnologia em florestas tropicais, resultados semelhantes ao conseguido quando ela foi aplicada em florestas temperadas.

publicado por André Lazaroni em 24.5.10



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