terça-feira, maio 18, 2010
Reintegração de área contaminada
A pesquisadora Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), garante ser possível a reintegração natural de áreas contaminadas por metais pesados, induzindo a atenuação da poluição, bem como o reaproveitamento econômico da região condenada. Com a responsabilidade socioambiental em alta, medidas que minimizam essa poluição estão, cada vez mais, sendo adotadas pelas empresas. Desde 2001, com recursos de um convênio entre Fiocruz e FAPERJ e de outras instituições, Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn estuda a dinâmica e a composição química desses solos, a fim de propor um modelo de gestão.
O que se busca nas pesquisas é conseguir reestruturar o solo para que certas espécies de plantas consigam se desenvolver. A proposta é estabelecer um tipo de cultura agrícola, que além de atenuar a poluição, atenda somente à indústria, gerando renda e emprego. Como o cultivo de mamona para a produção de biodiesel, por exemplo. Em 2008, só no estado do Rio de Janeiro, 12.089.739,85 toneladas de resíduos foram despejadas pelas indústrias e pelos processos de extração de minérios, segundo dados do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Nas sociedades contemporâneas, completamente dependentes do progresso, o lixo do desenvolvimento gera diversos problemas de saúde à população, além de causar danos ao meio ambiente.
Disse a pesquisadora que foram feitas importantes parcerias ao longo dos anos, como o auxílio do
Departamento de Geografia e do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da ajuda do Instituto de Agronomia e do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do apoio do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem). A motivação do estudo foi perceber que algumas regiões contaminadas por metais pesados ficam sem supervisão, o que aumenta o risco da população próxima fazer uso da área para cultivo de alimentos ou criação de animais. Além disso, exposto à ação das chuvas, o solo contaminado sofre lixiviação, processo que movimenta elementos do solo, disseminando-os para o lençol freático e para as bacias hidrográficas.
Somado a isso, a ação dos ventos também contribui para a dispersão dos resíduos para áreas adjacentes. Quando os metais pesados se incorporam ao ecossistema, são absorvidos por vegetais e animais. O maior problema é que esses elementos são bioacumuláveis, ou seja, se acumulam nos seres vivos, que são incapazes de eliminá-los. Em níveis elevados, eles se tornam extremamente tóxicos ao organismo, causando diversas doenças, como lesões nos rins, fígado e problemas no sistema nervoso central. A pesquisadora Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn informou que seu objeto de estudo foi o passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial do Ingá, que encerrou suas atividades de extração de zinco há mais de 20 anos. No início do projeto, Wilma fez a exploração da área e encontrou altas concentrações de metais pesados, como zinco, cádmio e chumbo.
Ao estudar esses resíduos a pesquisadora constatou que eles apresentavam características ácidas, o que deixa esses elementos mais móveis no solo. Disse ela: “a partir desse conhecimento, investimos na idéia de diminuir a acidez, acreditando na hipótese de reduzir a mobilidade do solo e assim retardar o processo de disseminação dos metais pesados”. Para isso, a pesquisadora levou para o laboratório, além de amostras dos resíduos, os rejeitos provenientes da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que também haviam sido estudados por ela e que apresentavam características alcalinas. Com os dois materiais, ela montou diversos modelos experimentais, simulando diferentes combinações. O objetivo era chegar a uma disposição que fosse menos nociva ao ambiente, ou seja, que ficasse mais neutro, diminuindo a mobilidade dos elementos contaminantes.
O modelo mais eficaz foi a mistura dos resíduos de metais pesados com os rejeitos alcalinos, disposta sobre um tipo especial de argila, com elevada capacidade de absorver água e baixa permeabilidade. Nesse modelo, observou-se uma cimentação natural, que diminui a infiltração da água e a mobilidade dos elementos no solo, o que, na prática, poderia frear a lixiviação. Na etapa atual, Wilma estuda a adição de materiais orgânicos aos solos contaminados da região da Ingá. O objetivo é formar um substrato, que proporcione os nutrientes necessários às plantas e promova a estabilidade dos elementos. O solo contaminado é acrescido de biossólido, lodo retirado da estação de tratamento de esgoto da Fiocruz e tratado para retirada de microorganismos patogênicos.
A adição do biossólido além de deixar o solo mais capaz de desenvolvimento vegetal, pode contribuir para atenuar a poluição. No experimento, já foram observadas bactérias capazes de obter energia a partir da oxidação de compostos inorgânicos, como os minerais que potencialmente contém metais pesados. Nesse substrato obtido em laboratório, foram plantadas algumas espécies vegetais a fim de testar sua eficácia. O objetivo é saber se com a utilização desse solo será possível pôr em prática uma espécie de sucessão vegetal, ou seja, o desenvolvimento natural das comunidades de seres vivos, o que significa que aquele ecossistema se sustenta.
Para isso, a planta tem que crescer e formar raízes, que serão analisadas para constatar se houve ou não absorção de elementos potencialmente contaminantes do solo. A pesquisadora informou por fim que a ideia é encontrar espécies vegetais que consigam se desenvolver nesse modelo de solo e que atendam à indústria, a exemplo das plantações de mandioca e de mamona direcionadas para a produção de etanol e de biodiesel, respectivamente. Atualmente, há diversos destinos para os resíduos, como incorporá-lo ao cimento ou isolá-lo totalmente. A proposta é implementar a regeneração da área contaminada e reintegrá-la economicamente à região.
O que se busca nas pesquisas é conseguir reestruturar o solo para que certas espécies de plantas consigam se desenvolver. A proposta é estabelecer um tipo de cultura agrícola, que além de atenuar a poluição, atenda somente à indústria, gerando renda e emprego. Como o cultivo de mamona para a produção de biodiesel, por exemplo. Em 2008, só no estado do Rio de Janeiro, 12.089.739,85 toneladas de resíduos foram despejadas pelas indústrias e pelos processos de extração de minérios, segundo dados do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Nas sociedades contemporâneas, completamente dependentes do progresso, o lixo do desenvolvimento gera diversos problemas de saúde à população, além de causar danos ao meio ambiente.
Disse a pesquisadora que foram feitas importantes parcerias ao longo dos anos, como o auxílio do
Departamento de Geografia e do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da ajuda do Instituto de Agronomia e do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do apoio do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem). A motivação do estudo foi perceber que algumas regiões contaminadas por metais pesados ficam sem supervisão, o que aumenta o risco da população próxima fazer uso da área para cultivo de alimentos ou criação de animais. Além disso, exposto à ação das chuvas, o solo contaminado sofre lixiviação, processo que movimenta elementos do solo, disseminando-os para o lençol freático e para as bacias hidrográficas.
Somado a isso, a ação dos ventos também contribui para a dispersão dos resíduos para áreas adjacentes. Quando os metais pesados se incorporam ao ecossistema, são absorvidos por vegetais e animais. O maior problema é que esses elementos são bioacumuláveis, ou seja, se acumulam nos seres vivos, que são incapazes de eliminá-los. Em níveis elevados, eles se tornam extremamente tóxicos ao organismo, causando diversas doenças, como lesões nos rins, fígado e problemas no sistema nervoso central. A pesquisadora Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn informou que seu objeto de estudo foi o passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial do Ingá, que encerrou suas atividades de extração de zinco há mais de 20 anos. No início do projeto, Wilma fez a exploração da área e encontrou altas concentrações de metais pesados, como zinco, cádmio e chumbo.
Ao estudar esses resíduos a pesquisadora constatou que eles apresentavam características ácidas, o que deixa esses elementos mais móveis no solo. Disse ela: “a partir desse conhecimento, investimos na idéia de diminuir a acidez, acreditando na hipótese de reduzir a mobilidade do solo e assim retardar o processo de disseminação dos metais pesados”. Para isso, a pesquisadora levou para o laboratório, além de amostras dos resíduos, os rejeitos provenientes da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que também haviam sido estudados por ela e que apresentavam características alcalinas. Com os dois materiais, ela montou diversos modelos experimentais, simulando diferentes combinações. O objetivo era chegar a uma disposição que fosse menos nociva ao ambiente, ou seja, que ficasse mais neutro, diminuindo a mobilidade dos elementos contaminantes.
O modelo mais eficaz foi a mistura dos resíduos de metais pesados com os rejeitos alcalinos, disposta sobre um tipo especial de argila, com elevada capacidade de absorver água e baixa permeabilidade. Nesse modelo, observou-se uma cimentação natural, que diminui a infiltração da água e a mobilidade dos elementos no solo, o que, na prática, poderia frear a lixiviação. Na etapa atual, Wilma estuda a adição de materiais orgânicos aos solos contaminados da região da Ingá. O objetivo é formar um substrato, que proporcione os nutrientes necessários às plantas e promova a estabilidade dos elementos. O solo contaminado é acrescido de biossólido, lodo retirado da estação de tratamento de esgoto da Fiocruz e tratado para retirada de microorganismos patogênicos.
A adição do biossólido além de deixar o solo mais capaz de desenvolvimento vegetal, pode contribuir para atenuar a poluição. No experimento, já foram observadas bactérias capazes de obter energia a partir da oxidação de compostos inorgânicos, como os minerais que potencialmente contém metais pesados. Nesse substrato obtido em laboratório, foram plantadas algumas espécies vegetais a fim de testar sua eficácia. O objetivo é saber se com a utilização desse solo será possível pôr em prática uma espécie de sucessão vegetal, ou seja, o desenvolvimento natural das comunidades de seres vivos, o que significa que aquele ecossistema se sustenta.
Para isso, a planta tem que crescer e formar raízes, que serão analisadas para constatar se houve ou não absorção de elementos potencialmente contaminantes do solo. A pesquisadora informou por fim que a ideia é encontrar espécies vegetais que consigam se desenvolver nesse modelo de solo e que atendam à indústria, a exemplo das plantações de mandioca e de mamona direcionadas para a produção de etanol e de biodiesel, respectivamente. Atualmente, há diversos destinos para os resíduos, como incorporá-lo ao cimento ou isolá-lo totalmente. A proposta é implementar a regeneração da área contaminada e reintegrá-la economicamente à região.
publicado por André Lazaroni em 18.5.10
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