Andre Lazaroni

sexta-feira, abril 30, 2010


Os instrumentos de detecção dos satélites artificiais que giram sobre a Terra indicam que os gases de efeito de estufa continuam a aprisionar cada vez mais energia solar, ou calor, desde 2003. Cientistas do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica (NCAR), nos Estados Unidos, reconhecem que esses e outros instrumentos de observação disponíveis hoje em dia para pesquisas não conseguem explicar para onde vai quase a metade desse calor que se acredita está se acumulando no planeta. Isso leva a duas possibilidades: ou as observações dos satélites estão erradas ou grandes quantidades de calor estão indo para regiões que ainda não são adequadamente monitoradas e medidas, como as partes mais profundas dos oceanos.

Para agravar o problema, as temperaturas da superfície da Terra apresentaram forte estabilização nos últimos anos. Porém, o derretimento das geleiras e do gelo do Ártico e a elevação dos níveis do mar indicam que o calor continua tendo efeitos profundos no planeta. Para o pessoal do NCAR, os sensores de satélites, boias oceânicas e outros instrumentos são inadequados para rastrear o calor “perdido”, que pode estar se acumulando, além dos oceanos, em qualquer outro lugar do sistema climático. Kevin Trenberth, um dos autores de um artigo da revista Science, traduzido e publicado no Brasil pelo site Inovação Tecnológica, afirma que o calor vai voltar a nos assombrar mais cedo ou mais tarde.

Kevin Trenberth garante que o alívio que nós tivemos na elevação das temperaturas nos últimos anos não vai continuar. Por isso, é fundamental rastrear o acúmulo de energia em nosso sistema climático para que possamos entender o que está acontecendo e prever o clima futuro. Trenberth e um colega, John Fasullo, sugerem que o início rápido dos efeitos do El Niño, em 2009, pode ser uma maneira em que a energia “perdida” tem reaparecido. O El Niño é o evento periódico marcado pela elevação da temperatura superficial do Oceano Pacífico tropical, com efeitos muito sentidos no Brasil nos últimos meses. Outra fonte de informação, mas agindo no sentido oposto, são os invernos inesperadamente frios nos Estados Unidos, Europa e Ásia, que têm marcado os últimos anos e que as previsões indicam deverão perdurar no futuro.

Para Kevin Trenberth e John Fasullo é fundamental a ciência medir melhor o fluxo de energia através do sistema climático da Terra. Qualquer plano de geoengenharia que queira alterar artificialmente o clima do mundo para combater o aquecimento global pode ter consequências inesperadas. E os dois advertem: rastrear a quantidade crescente de calor na Terra é muito mais complicado do que medir as temperaturas na superfície do planeta. Os oceanos absorvem cerca de 90 por cento da energia solar capturada pelos gases de efeito estufa. O restante se divide entre as geleiras, os mares congelados, a superfície não coberta pelo mar e a atmosfera, ou seja, somente uma pequena fração do calor capturado aquece o ar da atmosfera.

publicado por André Lazaroni em 30.4.10



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