Andre Lazaroni

quarta-feira, junho 01, 2011



Perspectiva sombria. Os preços de alimentos básicos, como arroz, feijão, trigo e soja, devem mais do que dobrar em 20 anos, a não ser que líderes mundiais promovam reformas. A advertência foi feita, ontem (31/5) pela organização não governamental britânica Oxfam.

Segundo previsão da ONG, em seu relatório Growing a Better Future (Plantando um Futuro Melhor), até 2030 o custo médio de colheitas consideradas chave para a alimentação da população global vai aumentar entre 120% e 180%.

Metade desse aumento de custos deverá ser creditada a mudanças climáticas. Sendo assim, para a Oxfam, é preciso que os líderes globais trabalhem tanto para regular os mercados de commodities como para a criação de um fundo climático global.

Disse Barbara Stocking, executiva chefe da Oxfam: “o sistema de negociação de alimentos deve ser revisto se quisermos superar os crescentes desafios relacionados a mudanças climáticas, aumentos no preço da comida e falta de terras, água e energia”.

No relatório, a Oxfam destacou quatro áreas de alta insegurança alimentar, locais onde já existem dificuldades para alimentar os habitantes.

O primeiro deles é a Guatemala, onde 850 mil pessoas são afetadas pela falta de investimentos estatais em pequenos agricultores e pela alta dependência de alimentos importados, diz a ONG.

O segundo é a Índia, onde a população gasta em comida duas vezes mais que cidadãos britânicos (proporcionalmente ao que recebem de salário). Um litro de leite pode custar cerca de R$ 26 na Índia.

Em terceiro, a Oxfam cita o Azerbaijão, onde a produção de trigo caiu 33% no ano passado em decorrência de más condições climáticas, forçando o país a importar grãos da Rússia e do Cazaquistão. Os preços dos alimentos no país subiram 20% em dezembro de 2010 em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Em quarto está o Leste da África, onde 8 milhões de pessoas enfrentam atualmente falta crônica de alimentos por causa da seca. Mulheres e crianças estão entre os mais afetados.

O Banco Mundial também advertiu que o aumento nos preços dos alimentos está levando milhões de pessoas para a pobreza extrema. Em abril, a instituição informou que os custos dos alimentos haviam aumentado 36% em um ano, em parte devido aos distúrbios no Oriente Médio e no Norte da África.

Para a Oxfam, é preciso que haja mais transparência nos mercados de commodities e regulamentação de mercados futuros; um aumento de estoques de alimentos; o fim das políticas que promovam biocombustíveis por supostamente ocupar terras que poderiam servir para a agricultura; e investimentos em cultivos familiares, em especial os comandados por mulheres.

Segundo Barbara Stocking, “uma em cada sete pessoas no planeta passa fome apesar de o mundo ser capaz de alimentar a todos”.

Já em 2009, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) advertia que os preços dos alimentos continuavam elevados nos países em desenvolvimento, apesar da brusca queda das tarifas internacionais.

Em comunicado oficial, a FAO divulgava os resultados do relatório Perspectivas de Colheita e Situação Alimentícia, que afirmava que 32 países estavam com emergências alimentares no mundo.

Os dados indicavam que, em 78% dos 58 países em vias de desenvolvimento estudados, os preços dos alimentos eram mais altos do que em 2008, principalmente na África Subsaariana. (Agência Brasil e BBC Brasil com a FAO)

publicado por André Lazaroni em 1.6.11



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