domingo, junho 20, 2010
Você conhece a moeda social?
Você trocaria parte dos reais que tem no bolso ou na bolsa por alguns apuanãs, freires, sampaios, vistas lindas ou moradias em ação? Faça isso quando estiver em algumas comunidades dentro de São Paulo. Você não vai perder dinheiro e vai ter muito mais facilidade de compra e venda. Segundo reportagem da Agência Brasil, na verdade, a moeda preferencial de muitos bairros paulistanos deixou de ser o real. No Jardim Maria Sampaio, na zona sul, a moeda que circula desde setembro do ano passado é o sampaio. No Jardim Filhos da Terra, na zona norte, os comerciantes passaram a aceitar os apuanãs.
Junto com os freires (do Jardim Inácio Monteiro, na zona leste), os vistas lindas (do Jardim Donária, na zona oeste) e os moradias em ação (do Jardim São Luiz, na zona sul), o sampaio e o apuanã compõem as cinco moedas sociais aceitas pelo comércio de São Paulo. Em todo o Brasil, existem atualmente 51 moedas sociais.
Elas não substituem o real, a ideia é que funcionem de modo complementar à moeda nacional, mas desenvolvendo as economias locais. Para isso, é preciso que tenham lastro em real, ou seja, para cada uma das moedas sociais usadas, deve-se ter guardada uma moeda em real.
A repórter Elaine Patricia Cruz, em excelente matéria, afirma mais: reconhecidas pelo Banco Central, as moedas sociais só podem existir em comunidades que tenham uma forte associação de moradores. Elas podem ser vinculadas a pelo menos duas estratégias: aos clubes de trocas ou aos bancos comunitários. “A ideia é trazer de volta a moeda como um instrumento de troca, potencializando sua circulação e reduzindo a ideia de acumulação”, explicou a psicóloga Juliana de Oliveira Barros Braz, doutoranda em psicologia social e pesquisadora do Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (USP).
Mais explicações de Juliana: “a idéia é que as pessoas comprem e façam circular essa moeda porque acumular a moeda social não tem muito sentido. Ela é um estímulo ao consumo local, no próprio bairro, um estímulo ao desenvolvimento econômico na comunidade. O sistema tem ainda uma função de identidade, ou seja, faz com que as pessoas consumam no bairro onde moram, usando uma moeda que tem o nome do bairro.” Para estimular a população a usar a moeda social, os comerciantes apelam para os descontos. Com isso, o dinheiro passa a ficar na própria comunidade.
Segredo do sucesso? Juliana de Oliveira Barros Braz informa mais: “os bairros não são pobres. As pessoas é que perdem a poupança quando consomem fora dele. Quanto mais dinheiro ficar na comunidade, mais ele vai circular internamente e mais riqueza vai gerando. Quanto mais vezes ele passar de mão em mão, mais se estará gerando valor e riqueza. Além dos descontos, para fazer crescer o uso dessas moedas são realizados mapeamentos de consumo e produção para avaliar a necessidade dos consumidores e se há produção suficiente na comunidade para atendê-los.”
A comunidade também se organiza em fóruns para discutir questões como os juros e as diretrizes dos bancos comunitários na concessão do crédito. Ela não se preocupa se a pessoa tem o “nome sujo” no SPC, na Serasa, se está em atraso com as prestações de uma loja. Isso não é motivo para a pessoa não obter crédito. A forma de concessão é o aval da própria comunidade.
O primeiro banco comunitário brasileiro foi o Banco Palmas, que surgiu em 1998, no Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza. Em 2003, a comunidade se organizou e criou o Instituto Palmas, que hoje serve de apoio para o surgimento de outros bancos comunitários. A expectativa para os próximos dois anos, segundo Juliana de Oliveira Barros Braz, é de que sejam criados mais 100 bancos comunitários em todo o Brasil.
Junto com os freires (do Jardim Inácio Monteiro, na zona leste), os vistas lindas (do Jardim Donária, na zona oeste) e os moradias em ação (do Jardim São Luiz, na zona sul), o sampaio e o apuanã compõem as cinco moedas sociais aceitas pelo comércio de São Paulo. Em todo o Brasil, existem atualmente 51 moedas sociais.
Elas não substituem o real, a ideia é que funcionem de modo complementar à moeda nacional, mas desenvolvendo as economias locais. Para isso, é preciso que tenham lastro em real, ou seja, para cada uma das moedas sociais usadas, deve-se ter guardada uma moeda em real.
A repórter Elaine Patricia Cruz, em excelente matéria, afirma mais: reconhecidas pelo Banco Central, as moedas sociais só podem existir em comunidades que tenham uma forte associação de moradores. Elas podem ser vinculadas a pelo menos duas estratégias: aos clubes de trocas ou aos bancos comunitários. “A ideia é trazer de volta a moeda como um instrumento de troca, potencializando sua circulação e reduzindo a ideia de acumulação”, explicou a psicóloga Juliana de Oliveira Barros Braz, doutoranda em psicologia social e pesquisadora do Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (USP).
Mais explicações de Juliana: “a idéia é que as pessoas comprem e façam circular essa moeda porque acumular a moeda social não tem muito sentido. Ela é um estímulo ao consumo local, no próprio bairro, um estímulo ao desenvolvimento econômico na comunidade. O sistema tem ainda uma função de identidade, ou seja, faz com que as pessoas consumam no bairro onde moram, usando uma moeda que tem o nome do bairro.” Para estimular a população a usar a moeda social, os comerciantes apelam para os descontos. Com isso, o dinheiro passa a ficar na própria comunidade.
Segredo do sucesso? Juliana de Oliveira Barros Braz informa mais: “os bairros não são pobres. As pessoas é que perdem a poupança quando consomem fora dele. Quanto mais dinheiro ficar na comunidade, mais ele vai circular internamente e mais riqueza vai gerando. Quanto mais vezes ele passar de mão em mão, mais se estará gerando valor e riqueza. Além dos descontos, para fazer crescer o uso dessas moedas são realizados mapeamentos de consumo e produção para avaliar a necessidade dos consumidores e se há produção suficiente na comunidade para atendê-los.”
A comunidade também se organiza em fóruns para discutir questões como os juros e as diretrizes dos bancos comunitários na concessão do crédito. Ela não se preocupa se a pessoa tem o “nome sujo” no SPC, na Serasa, se está em atraso com as prestações de uma loja. Isso não é motivo para a pessoa não obter crédito. A forma de concessão é o aval da própria comunidade.
O primeiro banco comunitário brasileiro foi o Banco Palmas, que surgiu em 1998, no Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza. Em 2003, a comunidade se organizou e criou o Instituto Palmas, que hoje serve de apoio para o surgimento de outros bancos comunitários. A expectativa para os próximos dois anos, segundo Juliana de Oliveira Barros Braz, é de que sejam criados mais 100 bancos comunitários em todo o Brasil.
publicado por André Lazaroni em 20.6.10
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