quarta-feira, abril 07, 2010
Dor. Luto. Lamento. Pêsames
No dia 2 de janeiro, um sábado, escrevi comentário iniciado com as quatro palavras: dor, luto, lamento, pêsames. Eu afirmava: “todos temos o mesmo sentimento de tristeza trazido pela tragédia ambiental que se abateu sobre o Estado do Rio e o sudeste brasileiro, nos últimos dias de 2009 e nas primeiras horas de 2010. O momento é de reflexão e de aumentar o nosso esforço em defesa de um meio ambiente sustentável e sem riscos. Lamento o sofrimento das dezenas e dezenas de famílias em meu nome, em nome de meus familiares e dos meus milhares de amigos e companheiros de luta ambiental.”
Tão pouco tempo depois, chuva de proporções catastróficas – como não se via há décadas – iniciada no fim da tarde de segunda-feira, no Rio, matou em poucas horas mais de cem pessoas. Novos óbitos se registraram e se registram com o passar das horas. O geólogo Paulo Morais, professor da Pontifícia Universidade de São Paulo, lembrou que o total de vítimas em um só dia, no Rio, superou o número de mortos em quatro meses de tragédias localizadas no estado de São Paulo.
O que dizer? Vamos repetir as palavras do sambista e repetir também como os cariocas e fluminenses dizem com o seu pragmatismo de todas as horas: levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. A hora da reconstrução começou no exato momento em que caiu a primeira gota de chuva. Em honra à memória dos que se foram e em honra aos que virão nos dias de amanhã, vamos trabalhar pelo Rio e pelas cidades-irmãs que foram tão duramente castigadas.
Temos, neste momento de dor e lamento, dois outros fortes apoios como ajuda: a próxima realização da Copa do Mundo, em 2014, e a não distante realização dos Jogos Olímpicos, em 2016. O Rio de Janeiro tem que se preparar para a realização desses dois megaeventos internacionais. São compromissos internacionais que não podem ser adiados ou minimizados. Por isso, muito haverá de ser feito na nossa querida Cidade Maravilhosa, certamente diminuindo também as ameaças de catástrofes como as de agora.
Aqui deverão ser feitas obras de infraestrutura de grande porte, incluindo urbanizações ditadas pela defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, como as que nós, ambientalistas, temos pregado há décadas. Este também é o momento de se dar voz e poder a instituições como a Fundação Geo-Rio, antigo Instituto Geotécnico do Município do Rio de Janeiro e o Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), para atuarem no monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas em todo o estado. Técnicos e cientistas dessas e de outras entidades estão muito bem preparados para traçar um novo rumo para o nosso destino, livrando-nos em grande parte de tanto luto e tantos pêsames.
Assim vai ser. Vamos acreditar, ter essa esperança. Por certo, daqui a pouco a gente vai se lembrar dos versos do poeta maior Carlos Drummond de Andrade, tão mineiro e tão carioca:
“A gente passa, a gente olha,
a gente para e se extasia.
Que aconteceu com esta cidade
da noite para o dia?
O Rio de Janeiro virou flor
nas praças, nos jardins dos edifícios,
no Parque do Flamengo nem se fala:
é flor é flor é flor,
uma soberba flor por sobre todas,
e a ela rendo meu tributo apaixonado.”
Pela transcrição dos versos e pela esperança, André Lazaroni.
Tão pouco tempo depois, chuva de proporções catastróficas – como não se via há décadas – iniciada no fim da tarde de segunda-feira, no Rio, matou em poucas horas mais de cem pessoas. Novos óbitos se registraram e se registram com o passar das horas. O geólogo Paulo Morais, professor da Pontifícia Universidade de São Paulo, lembrou que o total de vítimas em um só dia, no Rio, superou o número de mortos em quatro meses de tragédias localizadas no estado de São Paulo.
O que dizer? Vamos repetir as palavras do sambista e repetir também como os cariocas e fluminenses dizem com o seu pragmatismo de todas as horas: levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. A hora da reconstrução começou no exato momento em que caiu a primeira gota de chuva. Em honra à memória dos que se foram e em honra aos que virão nos dias de amanhã, vamos trabalhar pelo Rio e pelas cidades-irmãs que foram tão duramente castigadas.
Temos, neste momento de dor e lamento, dois outros fortes apoios como ajuda: a próxima realização da Copa do Mundo, em 2014, e a não distante realização dos Jogos Olímpicos, em 2016. O Rio de Janeiro tem que se preparar para a realização desses dois megaeventos internacionais. São compromissos internacionais que não podem ser adiados ou minimizados. Por isso, muito haverá de ser feito na nossa querida Cidade Maravilhosa, certamente diminuindo também as ameaças de catástrofes como as de agora.
Aqui deverão ser feitas obras de infraestrutura de grande porte, incluindo urbanizações ditadas pela defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, como as que nós, ambientalistas, temos pregado há décadas. Este também é o momento de se dar voz e poder a instituições como a Fundação Geo-Rio, antigo Instituto Geotécnico do Município do Rio de Janeiro e o Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), para atuarem no monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas em todo o estado. Técnicos e cientistas dessas e de outras entidades estão muito bem preparados para traçar um novo rumo para o nosso destino, livrando-nos em grande parte de tanto luto e tantos pêsames.
Assim vai ser. Vamos acreditar, ter essa esperança. Por certo, daqui a pouco a gente vai se lembrar dos versos do poeta maior Carlos Drummond de Andrade, tão mineiro e tão carioca:
“A gente passa, a gente olha,
a gente para e se extasia.
Que aconteceu com esta cidade
da noite para o dia?
O Rio de Janeiro virou flor
nas praças, nos jardins dos edifícios,
no Parque do Flamengo nem se fala:
é flor é flor é flor,
uma soberba flor por sobre todas,
e a ela rendo meu tributo apaixonado.”
Pela transcrição dos versos e pela esperança, André Lazaroni.
publicado por André Lazaroni em 7.4.10
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