segunda-feira, maio 31, 2010


Não é de hoje que vem a fama do Inpe como instituição exemplar e de alto grau técnico e científico. Ele forma, com o Ita, o Inpa, a Coppe/UFRJ, as inúmeras divisões da Embrapa e várias outras entidades brasileiras, um time de grande prestígio internacional. Seu pessoal tem alto gabarito. Agora, um astrofísico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Eder Martioli, dá uma demonstração de seu saber excepcional. Métodos desenvolvidos por ele, doutorando do curso de pós-graduação em Astrofísica do Inpe, contribuíram para identificar dois planetas que orbitam a mesma estrela, mas em diferentes inclinações. A descoberta do grupo de pesquisa do Observatório McDonald da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, acaba de ser publicada na versão online do Astrophysical Journal: http://iopscience.iop.org/0004-637X/715/2/1203/

Informa o Inpe que a tese de doutorado de Eder Martioli consiste no desenvolvimento de técnicas para medir a inclinação orbital e a massa de candidatos a exoplanetas, ou seja, planetas em órbita de outra estrela que não seja o Sol. O astrofísico brasileiro passou um ano na Universidade do Texas, entre 2007 e 2008, aprendendo novas técnicas e contribuindo com o desenvolvimento dos métodos para a análise dos resultados das pesquisas do grupo americano. Afirma ele: “pela primeira vez se mediram as inclinações das órbitas de dois exoplanetas de um mesmo sistema planetário. Esse sistema, chamado Upsilon Andromedae, possui três planetas detectados, sendo que, surpreendentemente, dois deles possuem órbitas não alinhadas. Essas medidas foram realizadas com a mesma técnica descrita em minha tese”. Eder tem defesa do doutorado marcada para 9 de junho, no Inpe de São José dos Campos.

A descoberta sobre o sistema Upsilon Andromedae deve influenciar os estudos sobre a evolução dos sistemas compostos por vários planetas, ao mostrar que nem sempre todos eles orbitam a estrela num mesmo plano. O desalinhamento destes exoplanetas sugere ainda que eventos violentos podem perturbar órbitas mesmo depois de o sistema estar formado. O estudo foi baseado nos dados obtidos pelo Telescópio Espacial Hubble, Telescópio Hobby-Eberly e outros telescópios baseados no solo, combinados com modelos teóricos. Há mais de dez anos que os astrônomos sabem que três planetas do tamanho de Júpiter orbitam a estrela Upsilon Andromedae, semelhante ao Sol e a 44 anos-luz. Ela é um pouco mais jovem, brilhante e tem mais massa que o Sol. O grupo de pesquisadores determinou a massa de dois dos planetas, Upsilon Andromedae c e d, e descobriu que não estão no mesmo plano.

O estudo mostra que as órbitas de c e d estão inclinadas em 30º em relação uma a outra. A equipe descobriu ainda um quarto planeta, muito mais distante da estrela. O estudo aponta que diversos cenários gravitacionais poderiam ter causado a inclinação notável em Upsilon Andromedae, incluindo interações durante a migração de um planeta para mais perto da estrela, perturbações causadas por uma outra estrela ou a expulsão de um planeta para fora do sistema.

publicado por André Lazaroni em 31.5.10 |



domingo, maio 30, 2010


Um professor-doutor da Universidade de Brasília (UnB), Ivan de Toledo Camargo, deu uma dimensão do que é desmatado a cada dia na Amazônia. O total é bem maior do que a área a ser alagada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Professor da Faculdade de Tecnologia, Ivan de Toledo Camargo, participou dos debates sobre energias renováveis, no 27º Fórum Brasil-Europa, promovido pela UnB em parceria com instituições internacionais. Disse ele: “Belo Monte equivale a menos do que é desmatado diariamente na Amazônia. Nos últimos anos, em média, todo dia são perdidos pelo menos 500 quilômetros quadrados de florestas. É uma dimensão muito próxima ao que está previsto em termos de área a ser alagada por essa hidrelétrica, que garantirá boa parte da energia a ser consumida no país”. O professor da UnB tem gabarito para falar. Ele integrou a Câmara de Gestão da Crise durante o racionamento de energia em 2001.

Ivan de Toledo Camargo deixou muitas conclusões para debates e análises no 27º Fórum Brasil-Europa. O engenheiro elétrico disse estar muito preocupado com os estragos que serão provocados pelas pessoas atraídas para a região da futura usina, por causa das obras. Outro assunto abordado por ele foi o uso de energia solar proveniente de painéis pelo Brasil. Eis as suas palavras: “é um equívoco encher o país de painéis de energia solar. Esse tipo de energia só é indicado para as comunidades isoladas do interior. Apenas discursos vazios e sem dados defendem isso. Nem a energia solar nem a eólica são a solução para o Brasil. Primeiro por serem sazonais, ficando interrompidas em períodos do ano. Precisamos investir pesado nas eólicas, mas tendo em mente a necessidade de sistemas complementares, provavelmente à base de hidrelétricas e de biomassa”.

O professor da prestigiosa Faculdade de Tecnologia da UnB, sugere que se aproveite o bagaço de cana-de-açúcar nos sistemas complementares de energia. Ele argumentou: “na Europa, a energia eólica é complementada por usinas térmicas. Temos, no Brasil, condições de usar o bagaço da cana, que atualmente tem apenas 10% de aproveitamento. Por que não aproveitamos esse recurso energético? O Brasil possui nove milhões de hectares dedicados a plantações de cana-de-açúcar. Em 2020 serão 12 milhões. Ou seja: teremos ainda muita energia que poderá ser gerada a partir da biomassa”. Será que o polêmico, criativo e competente professor Ivan de Toledo Camargo será ouvido por quem decide neste país?

publicado por André Lazaroni em 30.5.10 |



sábado, maio 29, 2010



Minha mãe, a professora, escritora e ambientalista Dalva Lazaroni, entre os muitos ensinamentos, mostrou-me como conhecer os educadores brasileiros e suas grandes verdades. Vou citar aqui alguns deles, como a professora Armanda Álvaro Alberto, Anísio Teixeira e Paulo Freire. Muito do meu viver, e dos caminhos que percorro em meu dia a dia, como advogado, ambientalista e deputado, devo aos ensinamentos desses mestres. Deles, de tantos e tantas outras mestras e de minha querida mãe. Neste sábado, 29 de maio, quero falar de Paulo Reglus Neves Freire, Paulo Freire, e dar um presente a todos vocês. Os biógrafos dizem que ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e métodos de ensino.

A filosofia educacional de Paulo Freire expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a Universidade do Recife e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação, bem como em suas experiências de alfabetização como a de Angicos (RN), em 1963. A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados pela ditadura militar, que se instalou no país em 1964.

Aqui está o meu presente para vocês. Os que lêem e seguem Paulo Freire podem, agora, baixar gratuitamente seus livros na internet, inclusive o clássico Pedagogia do Oprimido. Algumas das obras são consideradas preciosidades. São livros importantes de um pensador brasileiro comprometido profundamente com as causas sociais. O material é inovador, criativo,original e tem importância histórica inédita. Para os profissionais e pesquisadores de comunicação a obra Extensão ou Comunicação é, praticamente, obrigatória. As obras estão disponíveis no portal do governo do Acre: http://www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br/.

Confira abaixo as obras e os linques:

A importância do ato de ler

Ação Cultural para a Liberdade

Extensão ou Comunicação

Medo e Ousadia

Pedagogia da Autonomia

Pedagogia da Indignação

Pedagogia do Oprimido

Política e Educação

Professora sim, Tia não

Saibam que existe o Instituto Paulo Freire, associação civil, sem fins lucrativos, criada em 1991 e fundada oficialmente em primeiro de setembro de 1992. Atualmente, considerando-se Cátedras, Institutos Paulo Freire pelo mundo e o Conselho Internacional de Assessores, o IPF se constitui numa rede internacional que possui pessoas e instituições distribuídas em mais de 90 países em todos os continentes, com o objetivo principal de dar continuidade e reinventar o legado de Paulo Freire. Conheça o instituto: http:// www.paulofreire.org/

Fiquem também com três pensamentos do grande mestre da educação.
“Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes.
A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo. Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”

publicado por André Lazaroni em 29.5.10 |



sexta-feira, maio 28, 2010

O objetivo de uma dissertação de mestrado do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), apresentada pela pesquisadora Lilian Calazans Costa, foi estimar o potencial poluidor das indústrias localizadas na bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba, no estado do Rio. Por meio de metodologia criada pelo Banco Mundial, o estudo analisa uma série de parâmetros para verificar a poluição em 14 municípios da região e definir os principais setores poluidores. O modelo do banco, utilizado no trabalho “Aplicação do sistema de projeção de poluição industrial (modelo IPPS): estudo de caso – bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba”, foi o Industrial Pollution Projection System (IPPS).

Segundo Lilian Calazans Costa, “esse método permite estimar o potencial poluidor industrial baseado no número de funcionários e no setor industrial”. Para a utilização dessa metodologia, a autora realizou um levantamento industrial dos municípios inseridos na região para os anos de 2005-2006 e 2008-2009. Foram quatro os parâmetros selecionados como potenciais poluidores: DBO (demanda bioquímica de oxigênio), STS (sólidos totais em suspensão), MTA (metais tóxicos da água) e TA (tóxicos da água). Dados mostram que o setor metalúrgico foi responsável por 95% do total das potenciais emissões de STS, 60% dos TA, e 88% dos MTA. Os setores químico e de papel e papelão foram os responsáveis pelo restante das potenciais emissões para os parâmetros selecionados.

Já para a DBO, os setores de alimentos e de papel e papelão foram responsáveis por 78% das potenciais emissões. Lilian revela que os resultados também evidenciaram regiões críticas de poluição. Disse ela: “os municípios de Barra do Piraí e Rio de Janeiro foram os que apresentaram maior potencial de emissão de metais tóxicos e tóxicos da água. Para DBO e STS, os municípios de Nova Iguaçu e Piraí foram os que mais contribuíram. Percebemos ainda que poucos setores industriais são responsáveis por grande parte do potencial poluidor, e esses setores são constituídos de um grupo pequeno de indústrias”. Para a pesquisadora, é fundamental o estabelecimento de ações contínuas voltadas para o monitoramento e regulamentação do lançamento de efluentes industriais desses setores, como forma de mitigar os problemas relativos à poluição industrial na região.

Concluiu Lilian Calazans Costa: “os dados coletados também indicam ao poder público as regiões e os setores que devem ser priorizados no estabelecimento de políticas de gestão ambiental, exigindo menor esforço e menos recursos para sua implementação”. Com aproximadamente 305km2 de área, a Baía de Sepetiba é um corpo de águas salinas e salobras, que se comunica com o Oceano Atlântico por meio de duas passagens, na parte oeste entre os cordões de ilhas que limitam com a ponta da Restinga, e na porção leste, pelo canal que deságua na Barra de Guaratiba.

A área da Baía de Sepetiba constitui um criadouro natural para diversas espécies em suas áreas de mangue e zonas estuarinas, sendo a atividade pesqueira um importante suporte econômico e social para a região. Além disso, suas águas servem à preservação da flora e fauna, à recreação, à navegação e, graças à beleza cênica da região, com suas cachoeiras e ilhas, possui áreas propícias ao turismo. A região desponta, ainda, como um dos polos industriais do Estado do Rio de Janeiro. A atividade industrial desse parque é responsável pelo lançamento de várias substâncias potencialmente tóxicas na baia, destacando-se os metais pesados.

publicado por André Lazaroni em 28.5.10 |



quinta-feira, maio 27, 2010


Audiência pública na Câmara Federal, em Brasília, reuniu parlamentares da bancada ambientalista, representantes do Ministério do Meio Ambiente e também do setor produtivo do petróleo, para o debate das causas e consequências do acidente ambiental ocorrido no Golfo do México, em abril, e das condições e os avanços brasileiros para conter acontecimento igual. O vazamento de petróleo, ainda não controlado, se tornou, ainda, oportunidade de mobilização política no Brasil. A diretora de Qualidade Ambiental da Indústria do MMA, Sérgia de Oliveira, disse que eventos trágicos de grandes proporções sempre trazem lições, e que é hora de se adotar novas técnicas que abrangem o risco e a emergência de ações.

Para aprimorar a pesquisa e a capacidade de neutralizar os impactos de uma situação semelhante em território brasileiro, técnicos do Ibama foram enviados ao México para conhecer e identificar os procedimentos adotados. Entre nós, equipamentos utilizados pela Petrobras na perfuração de postos são os mais modernos do mundo. Em caso de incidentes, há planos de emergência para incêndio, vazamento de óleo e para resgate de pessoal, entre outras ações rápidas. No caso específico do vazamento de óleo, cada unidade tem um plano de emergência para a plataforma e para a área geográfica, que são sempre apresentados no processo de licenciamento ao Ibama.

A Petrobras tem 27 embarcações destinadas ao controle de eventuais acidentes envolvendo o vazamento de óleo, além de um conjunto de barreiras com capacidade de conter o derramamento em um raio de 6,5 km. O Brasil tem também uma quantidade de dispersante químico - utilizado em ações de mitigação - suficiente caso aconteça algum acidente no país. Segundo Jaime Sete Filho, gerente de prevenção da Petrobras, o Plano de Emergência de Plataforma foi aprovado pelo Ibama, e prevê equipes treinadas e a simulações de acidentes. Declarou ele: “fazemos um alto investimento em prevenção e ações de contingência. A empresa instalou 10 centros e mais 13 bases avançadas de defesa ambiental em boa parte do Brasil, e todas as unidades têm recursos de prevenção em suas áreas de produção e exploração”.

O Ibama prevê atividades de prevenção no licenciamento de empreendimentos petrolíferos. Por ano, são realizados mais de 40 exercícios simulados em prevenção de acidentes. A Petrobras conta também com sistemas informatizados para mapeamento, visualização e acompanhamento de situações emergenciais, e que a empresa tem um nível de excelência em relação à quantidade de óleo vazado por produção. O problema de vazamento de petróleo não é uma questão muita antiga. A primeira convenção sobre contaminação por óleo data de 1954. A diretora de Qualidade Ambiental da Indústria do MMA, Sérgia de Oliveira, explicou que o Brasil já possui um arcabouço legal na área ambiental para contenção de acidentes crônicos.

A resolução do Conama 269/2000, por exemplo, regula o uso de dispersante químico, e existe ainda o Plano de Prevenção, Respostas Rápidas e Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2). Criado em 2004, o P2R2 é um projeto integrado entre governos, setor privado e representantes da indústria e da sociedade civil. Também está em fase de estudo e elaboração o Plano Nacional de Contingência para Derramamento de Óleo, que demanda a integração de várias instituições. A proposta está sendo desenvolvida pela Marinha e pelo Ministério do Meio Ambiente, com o objetivo de se chegar a um texto consensual que possa ser levado a aprovação ainda este ano.

publicado por André Lazaroni em 27.5.10 |



quarta-feira, maio 26, 2010


Iniciativa elogiável. Num trabalho contínuo, seguro e atento, desde 1993, técnicos da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, no Inventariado Faunístico em Áreas Verdes do Município de São Paulo, (que nome, hein?) encontraram e classificaram diversos animais. Um deles, uma onça parda e um muriqui do sul, o maior dos felinos brasileiros e um dos primatas mais ameaçados da América. Para anunciar o trabalho, a secretaria apresentou o inventário no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, depois de sua divulgação no Diário Oficial do Município. O documento está sendo considerado o ponto de partida para um plano de manejo e de conservação de áreas verdes, importante para o monitoramento ambiental. Para o inventário, foram estudadas 81 áreas na capital paulista e computadas mais de 700 espécies de animais.

Foram catalogadas 137 espécies de invertebrados, dos quais dois crustáceos (caranguejos e camarões), nove aracnídeos (aranhas), 125 lepidópteros (borboletas) e uma de ortóptero (grilo). Também foram classificadas 563 espécies de vertebrados: 23 peixes, 45 anfíbios, 40 répteis, 372 aves e 83 mamíferos. Desse total, 127 são encontradas somente na Mata Atlântica. O assessor especial do gabinete do secretário do Verde e do Meio Ambiente, Hélio Neves, falou do inventário dos animais, revelando uma ponta de surpresa: “encontrar uma onça-parda e um muriqui são indícios de que a gente ainda tem uma biodiversidade bastante significativa, inclusive de mamíferos de grande porte”. Segundo ele, a presença desses animais é bastante significativa de área preservada, o que aumenta a responsabilidade dos pesquisadores.

publicado por André Lazaroni em 26.5.10 |



segunda-feira, maio 24, 2010


O Laboratório Virtual da Embrapa nos Estados Unidos (Labex-EUA) vai testar uma nova tecnologia no manejo e monitoramento das florestas nativas da Amazônia. Trata-se do sistema Lidar (pronuncia-se Laidar - perfilamento a lazer aerotransportado), que representa uma evolução na obtenção de informação sobre composição e estrutura, redes de drenagem e topografia, em florestas tropicais. No modelo tradicional todas estas informações são obtidas diretamente de medidas feitas em campo ou por meio de imagem de satélite. O Lidar não somente permitirá ter as informações em alta resolução, mas também em 3 D. A tecnologia será testado em duas áreas de 500 hectares na Floresta Estadual de Antimary (FEA), situada no município de Sena Madureira, no Estado do Acre.

A iniciativa é fruto da parceria entre a Embrapa, o Serviço Florestal Americano (Forest Service) e o Governo do Acre. O uso de imagem de satélite o monitoramento é feito em duas dimensões, latitude e longitude, e normalmente a resolução no terreno não é suficiente para medir com precisão pequenos impactos produzidos na floresta pelo manejo florestal, como o corte de uma única árvore, por exemplo. Com o sistema Lidar é acrescentada a altitude como terceira variável, permitindo, por exemplo, a avaliação da biomassa florestal árvore a árvore e em 3D. Para conseguir essa terceira dimensão, o novo sistema realiza uma espécie de escaneamento da área a ser manejada por meio do sobrevoo e da utilização de um pulsor de laser acoplado a um GPS, que emite feixes luz em frequência elevada, de 100 mil a 200 mil pulsos por segundo. Esses feixes têm a capacidade de se infiltrar pela vegetação mais fechada até atingir o solo.

Como cada pulso refletido retorna um ou mais pontos com coordenadas x, y e z ao final consegue-se uma espécie de fotografia em três dimensões da região. Desta forma, é possível se obter, por esse sistema, informações praticamente impossíveis de se conseguir pelo uso de outras ferramentas de sensoreamento remoto, tais como relevo e hidrografia de áreas florestais em alta resolução. Nesses casos, o grau de precisão das imagens do sistema Lidar, ao nível do solo, chega a ser de apenas 15 cm. Além disso, o sistema Lidar também permite estimar com precisão a quantidade de biomassa das árvores da floresta (avaliações da madeira e do carbono).

Em termos gerais, o sistema Lidar deverá proporcionar diversas aplicações, desde estudos de ecologia, e dinâmica de florestas, o monitoramento dessas áreas para o controle de desmatamento e atividades de exploração ilegal de madeira, além do manejo propriamente dito, visando ao aproveitamento sustentável da floresta. O sistema Lidar vem sendo usado com sucesso, especialmente no manejo de florestas temperadas, em países como os Estados Unidos e Canadá, desde meados dos anos 1990. Nesses países o sistema tem também sido usado em áreas remotas como as florestas do Alaska, que tem três pontos comuns com as florestas da Amazônia: grandes áreas, dificuldade de acesso e restrições climáticas para trabalho de campo. No caso do Alaska o inverno e na Amazônia a estação de chuvas.

Estudos com Lidar de média resolução já foram feitos em outras regiões tropicais como na Costa Rica e Peru. Entretanto, esta será a primeira vez que a tecnologia é uma ferramenta de planejamento e monitoramento em florestas tropicais, como as encontradas na Amazônia. Para isso, será realizado um voo sobre duas áreas de 500 hectares no projeto de manejo florestal do FEA. A primeira área é parte de um compartimento explorado em 2009 e a segunda uma área de floresta, ainda intacta, prevista para ser manejada em 2010. Com essa experiência, cientistas querem saber se será possível obter com o uso dessa tecnologia em florestas tropicais, resultados semelhantes ao conseguido quando ela foi aplicada em florestas temperadas.

publicado por André Lazaroni em 24.5.10 |



domingo, maio 23, 2010


No ano da Copa do Mundo, um importante acontecimento será realizado em Nagoya, Japão, no mês de outubro, sem a mesma divulgação: a Conferência da Biodiversidade - COP-10. Mais de 100 países, incluindo as principais potências econômicas e o Brasil, estarão reunidos para tentar encontrar alternativas a fim de evitar mais colapsos ambientais. A perda crescente da biodiversidade mobiliza o planeta, apesar da indiferença de muitos, entre eles governantes. Felizmente, o Brasil se destaca por várias ações que vêm adotando para a manutenção das diferentes espécies aqui localizadas. Entre elas, estão a redução do desmatamento na Amazônia, a criação de novas áreas de conservação de uso sustentável e de proteção integral e o monitoramento de todos os biomas brasileiros.

E ainda a discussão sobre patrimônio genético com países megadiversos, que inclui a distribuição justa e equitativa dos benefícios econômicos oriundos da exploração da biodiversidade. Neste 2010, Ano Internacional da Biodiversidade, estabelecido pela ONU, nações de todo o mundo obrigatoriamente vão debater a perda da biodiversidade, prejuízo que afeta não só animais e plantas, como muitos preferem simplificar a questão, mas que interfere de maneira crucial na manutenção da vida do homem e no equilíbrio de todo o planeta. Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, as perdas econômicas decorrentes do processo de redução de espécies alcançam uma cifra anual entre 2 e 4 trilhões e meio de dólares, segundo pesquisadores do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O encontro de Nagoya, a COP-10, vai reunir as nações megadiversas (grupo dos 17 países que abrigam a maioria das espécies da Terra e juntos detêm cerca de 70% de toda a biodiversidade do planeta, entre eles o Brasil), as principais potências econômicas mundiais e outros 100 países aproximadamente. O objetivo é tentar encontrar soluções que possam surtir efeito rápido, ou pelo menos de médio prazo, a fim de evitar novos colapsos ambientais ao redor do planeta. Durante a COP-10, o Brasil vai assumir um protagonismo, pois pretende reafirmar o pacto entre os países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), para o cumprimento das metas estabelecidas tanto na Rio-92 quanto em Johannesburgo (África do Sul), em 2002.

Vai ainda defender a bandeira da repartição de benefícios oriundos do patrimônio genético da biodiversidade, principal ponto pretendido pelos megadiversos na convenção. Segundo a secretária de Biodiversidades e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, muitas reuniões preparatórias têm sido realizadas pelas 17 nações megadiversas, com o objetivo de se estabelecer uma proposta comum. A questão da compensação financeira pelo conhecimento obtido a partir da biodiversidade, no entanto, é motivo de controvérsia. Ganhou manchete dos jornais o caso do cupuaçu, que teve um pedido de patente registrado no exterior por uma empresa japonesa, apesar de ser uma planta típica da Amazônia.

Por meio da contestação de entidades ambientalistas nos escritórios de patentes internacionais, foi impedida a aprovação do registro, pois as aplicações do produto já eram, desde há muito, de domínio dos índios e das comunidades tradicionais amazônicas, e não envolviam nenhum tipo de inovação que justificasse o direito de sua exploração pela companhia japonesa. De acordo com o terceiro relatório do Panorama da Biodiversidade Global (GBO3, em inglês), divulgado no começo de maio pelas Nações Unidas (cuja versão em português será lançada pelo MMA), nenhum país cumpriu integralmente as metas de redução da perda da biodiversidade em seus territórios entre 2002 e 2010.

O documento é um relatório oficial da Convenção sobre Diversidade Biológica, estabelecida em 1992, e vai pautar as discussões entre os chefes de Estado e de governo participantes da Cúpula da Biodiversidade no Japão. O ponto mais preocupante deste estudo revela que a perda da biodiversidade global está alcançando um patamar quase irreversível. Entre 1970 e 2006, por exemplo, o número de indivíduos de espécies de vertebrados teve um declínio de 30% em todo o mundo, e a tendência, segundo o GBO3, é de que a redução continue, especialmente entre animais marinhos e nas regiões tropicais. O relatório indica ainda que 40% das espécies de aves e 42% dos anfíbios apresentam população em queda.

Para reverter o quadro de sérios prejuízos ambientais e econômicos, seriam necessários investimentos em todo o planeta de aproximadamente 45 bilhões de dólares por ano. O relatório indica os cinco principais fatores de pressão sobre a biodiversidade: perda e degradação de habitats (convertidos em plantações, pastagens, áreas urbanas), mudanças climáticas, poluição, sobreexploração dos recursos naturais e a presença de espécies exóticas invasoras. As intervenções humanas em lagos de água doce também foram apontadas como outro fator importante, pois devido ao acúmulo de nutrientes, inúmeras espécies de peixes foram levadas à morte em larga escala. A acidificação e poluição dos oceanos também vitimam os recifes de corais, o que descaracteriza o ecossistema marinho.

Nas grandes regiões do mundo, os habitats naturais continuam a declinar em extensão e integridade, especialmente os bancos de algas marinhas, as zonas úmidas de água doce, as localidades de água congelada e os recifes de corais e de mariscos. Segundo dados da World Conservativon Union (União Mundial de Conservação), a ação do homem provoca 0,2% da perda média de espécies todos os anos, que ocorre ainda por queimadas e desmatamento impulsionados pelo mercado imobiliário e monoculturas de larga escala, caça e tráfico de animais. Extrativismo sem manejo adequado e mineração, dentre outros fatores de intervenção antrópica, também são causas crescentes do processo de extinção, por acompanharem as necessidades de uma população humana que, segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas, é de 6 mil e 500 milhões, com perspectivas de aumento para 7 mil milhões até o ano de 2012.

De acordo com o secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica, Ahmed Doghlaf, a perda da biodiversidade ocorre em uma velocidade sem precedentes. Alerta ele que as taxas de extinção podem estar mil vezes acima das médias históricas. Apesar de o GBO3 ressaltar o aumento considerável das áreas de proteção ambiental (82% estão em áreas marinhas e 44% em regiões terrestres), e o progresso significativo da preservação de florestas tropicais e manguezais, dados do documento revelam que estas medidas não foram suficientes para alcançar a meta estabelecida. Há ainda outros pontos do documento do Pnuma considerados críticos.

A Amazônia é apontada como área sujeita a danos irreparáveis, em parte motivados pelo desmatamento e queimadas, e por outro, pelas mudanças na dinâmica regional das chuvas e extinção de espécies. O Brasil é tido como exemplo no que diz respeito à criação de áreas protegidas, as unidades de conservação. Dos 700 mil quilômetros quadrados transformados em áreas de proteção em todo o mundo, desde 2003, quase três quartos estão em solo brasileiro, resultado atribuído em grande parte ao Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Para 2010, já está em fase de análise a criação de novas áreas protegidas: 3.044.000 hectares no Cerrado; 868.192 hectares no Pantanal; 600 mil hectares no Pampa e mais de 1.200.000 hectares na Mata Atlântica.

Outra estratégia fundamental adotada pelo Brasil para combater o desmatamento e a extinção de espécies decorrente desta prática é o monitoramento por satélite de todos os biomas brasileiros, procedimento que, até 2008, era realizado apenas na Amazônia e em parte da Mata Atlântica. Com a identificação e controle das principais causas do desmatamento na região, em 2009, a devastação da floresta teve o menor índice (43% mais baixo) dos últimos 20 anos. Os primeiros resultados sobre o Cerrado e Caatinga, levantados entre 2002 e 2008, já foram lançados, mostrando que quase metade da cobertura vegetal original destes biomas já foi destruída.

Para este ano, serão divulgados os dados referentes à cobertura vegetal do Pantanal, Mata Atlântica e Pampa, referentes ao mesmo período. Por meio do monitoramento, é possível estabelecer planos de ação de fiscalização, controle e combate ao desmatamento, bem como levar alternativas sustentáveis às regiões onde o desmate ainda é muito praticado. Também foi lançada, em 2009, a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras. O programa vai orientar as diferentes esferas do Governo a fim de mitigar e prevenir os impactos negativos destas espécies sobre a população humana, os setores produtivos, o meio ambiente e a biodiversidade.

Os eixos deste plano são a prevenção da introdução de novos indivíduos, bem como a mitigação da presença dos mesmos em biomas e bacias hidrográficas do Brasil. Atualmente, as invasões biológicas causadas por espécies exóticas são consideradas a segunda maior causa de perda da biodiversidade biológica do planeta, perdendo apenas para a destruição de habitats. No Brasil, os custos decorrentes dos impactos causados por estas espécies atingem cerca de 50 bilhões de dólares ao ano. Entre elas, podemos citar o mosquito da dengue, o mexilhão dourado, o caracol gigante africano, a uva-do-japão, o capim-annoni e o amarelinho.

Também tem sido feita a atualização de listas de espécies brasileiras ameaçadas de extinção (fauna e flora), que servem como alerta e instrumento de monitoramento da política de conservação destas espécies. O diretor do Departamento de Florestas do MMA, João de Deus Medeiros, avalia que o número de espécies em extinção está aumentando, o que é um sinalizador preocupante, pois demonstra que o objetivo de reduzir a taxa de extinção não tem sido alcançado. Fundamentais para a conservação e recuperação de espécies ameaçadas de extinção (um dos principais compromissos dos países durante a CDB), estes levantamentos funcionam como instrumentos de implementação da Política Nacional da Biodiversidade, que inclui as Listas Nacionais Oficiais de Espécies Ameaçadas de Extinção; os Livros Vermelhos das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção e os Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção.

A biodiversidade é a totalidade das espécies de seres vivos de uma determinada região ou tempo, e abrange animais, vegetais, fungos e microorganismos, sendo responsável pela evolução e manutenção da vida em todos os lugares. Sua manutenção depende do equilíbrio e estabilidade de ecossistemas, e seu uso e aproveitamento pela humanidade devem, necessariamente, ser feitos de maneira sustentável de forma a preservá-los. Desde que o homem começou a interferir na natureza, a biodiversidade tornou-se a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, mais recentemente, da indústria de biotecnologia. Trata-se ainda da fonte primária para remédios, cosméticos, roupas e alimentos, entre outros produtos, e é essencial para a criação de grãos mais produtivos e resistentes a pragas e a outras doenças.

A espécie humana é apenas uma entre 1 milhão e 750 mil espécies de vida conhecidas. O Pnuma estima que existam pelo menos 14 milhões de espécies vivas ao redor do planeta. Alguns especialistas calculam que esse número possa chegar a 50 milhões, ou ainda mais. A Convenção sobre Biodiversidade foi estabelecida em 1992, durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, mas a meta de redução da perda da biodiversidade só foi fixada na Cúpula da Terra de Johannesburgo, em 2002. Durante o evento, os governos participantes se comprometeram a estabelecer medidas para combater a extinção de espécies. Dentre os pontos acordados constam a redução da degradação de habitats, o controle de espécies exóticas invasoras (que ocasionam prejuízos de aproximadamente 2 trilhões e 500 bilhões de dólares nas economias de todo o planeta) e transferência de tecnologia para países em desenvolvimento.

Das 21 metas estabelecidas pela ONU em 2002, nenhuma está próxima de ser cumprida. A Convenção sobre Diversidade Biológica foi assinada por 156 nações, atualmente foi ratificada por 192, e estabeleceu que os países têm direito soberano sobre à variedade de vida contida em seu território, bem como o dever de conservá-la e de garantir que seu uso seja feito de forma sustentável, isto é, assegurando sua preservação. Um dos temas mais defendidos pela CDB é a necessidade de repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos. Eles seriam divididos entre todos os países e populações cujo conhecimento foi chave para sua utilização. Como exemplo, comunidades acostumadas a usar plantas de sua região desde tempos remotos, como os índios.

publicado por André Lazaroni em 23.5.10 |



sexta-feira, maio 21, 2010


Denúncia grave. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) estudam recorrer ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, contra a Monsanto. Segundo as duas entidades, a empresa norte-americana restringe o acesso de produtores a sementes de soja convencional (não transgênica). O novo presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, afirmou: “eles estão impondo uma proporção de venda de 85% de sementes transgênicas para 15% de convencionais. A produção de sementes tem que atender ao mercado. Não se pode monopolizar ou fazer o mercado”.

A estimativa do setor produtivo é que aproximadamente 55% das sementes de soja plantadas no país sejam transgênicas. Silveira disse que o problema não é o uso da biotecnologia, mas sim a retirada da opção que o produtor tem de plantar a semente convencional. “A Monsanto tem uns 70% do mercado brasileiro. O problema não é ela ter o mercado, mas querer moldá-lo. Não estamos tendo direito de opção”. Alguns produtores temem ficar dependentes da empresa americana caso as sementes transgênicas dominem o mercado, já que a Monsanto tem direito a royalties sobre a biotecnologia aplicada nelas. “Os sementeiros dizem que é imposição da Monsanto. Eles estão nos cercando e, no dia que fecharem, cobrarão o que quiserem”, afirmou o sojicultor Pedro Riva, de Sorriso, em Mato Grosso.

Silvio Munchalack, produtor de milho e soja de Nova Mutum, também em Mato Grosso, disse que há alguns anos não plantava soja transgênica, mas isso está cada vez mais difícil. “A Fundação Mato Grosso fornece sementes convencionais, mas não tem para todo mundo. Vai ter que ser tudo transgênico”, afirmou o agricultor, que na safra passada conseguiu comprar apenas 40% de sementes convencionais, do total plantado em sua propriedade. Além do receio de uma futura dependência de uma única empresa, o que tem levado alguns produtores a preferir plantar soja convencional é que estão conseguindo mais rentabilidade, principalmente devido ao prêmio que países europeus e asiáticos pagam por esse tipo de produto.

O diretor executivo da Abrange, Ricardo Tatesuzi de Souza, reclama de abuso de poder econômico e de falta de transparência na cobrança dos royalties. “Na nota fiscal não vem quanto está se pagando de royalties. A lei de patente permite a eles cobrarem quanto quiserem”. Procurada por repórteres da Agência Brasil, a Monsanto respondeu que a informação não procede. Apesar da negativa, o presidente da Aprosoja disse que tentará uma última conversa com a empresa. “Vamos buscar um entendimento. Se não der certo, vamos ao Cade”, afirmou, acrescentando que a reunião precisa ocorrer logo para que o assunto seja resolvido antes da próxima safra.

publicado por André Lazaroni em 21.5.10 |



quinta-feira, maio 20, 2010


Brasil, 2010. Ou Brasil 1.500? Ou 1792? O ato se repete. O fazendeiro Reginaldo Galvão, vulgo Taradão, condenado pela morte da missionária Dorothy Stang, foi posto em liberdade, em Belém, por decisão da desembargadora Maria de Nazaré Gouveia, do Tribunal de Justiça do Pará. Taradão vai aguardar em liberdade o recurso de apelação da sentença. A decisão ainda será analisada nas câmaras criminais do TJ-PA. Maria de Nazaré Gouveia Gouveia considerou que o fazendeiro preencheu os requisitos legais e o concedeu ontem a medida liminar. “O direito do réu de apelar em liberdade não lhe pode ser denegado se permaneceu solto durante a instrução criminal”, afirmou a desembargadora.

No dia 1º de maio, Reginaldo Galvão foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado sob acusação de ser um dos mandantes do assassinato da missionária de 73 anos, a tiros, em 12 de fevereiro de 2005 na zona rural do município de Anapu, onde durante 20 anos ela lutou contra a destruição da floresta amazônica e defendia a criação de assentamentos de sem-terra. Para apoiar o pedido de soltura, a defesa de Taradão alegou que seu cliente possui residência permanente, ocupação lícita e não tem antecedentes criminais. O autor material do assassinato, o pistoleiro Rayfran das Neves Sales, confessou o crime e foi condenado a 28 anos de prisão, enquanto seu cúmplice, Clodoaldo Carlos Batista, que o acompanhou no ataque, recebeu pena de 17 anos.

No mês passado, o mesmo tribunal condenou em terceira instância também a uma pena de 30 anos o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, Bida, apontado como cúmplice de Galvão a pagarem juntos 50 mil reais pelo assassinato. Outro fazendeiro, Amair Feijoli da Cunha, quem admitiu ter sido o intermediário do crime, foi condenado a 18 anos de prisão. Há tristeza e um clima de luto em Belém, Anapu e outras cidades paraenses. Todos os amigos e admiradores de Dorothy Stang, e os que reverenciam sua memória, dizem que não tardará muito tempo e todos os mandantes e assassinos estarão de novo em liberdade, andando tranquilamente pelas ruas.

publicado por André Lazaroni em 20.5.10 |



quarta-feira, maio 19, 2010



Ao abrir o XXII Fórum Nacional, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para receber os projetos de participação popular em ações do governo nas comunidades, o presidente em exercício, José Alencar disse que o Brasil tem muito a crescer e é necessário o entrosamento de todos os setores da sociedade para se construir um desenvolvimento realmente sustentável. José Alencar afirmou que é obrigação do Estado investir em áreas estruturais e lembrou que o então presidente Getúlio Vargas, que tinha recebido uma análise de um geólogo americano de que não havia petróleo em território brasileiro, resolveu criar a Petrobras como forma de garantir a concretização do sonho nacional.

No Brasil de hoje, ressaltou o presidente em exercício, a Petrobras é sinônimo da qualidade de nosso país em todo o mundo. Segundo ele, é necessário que se invista em áreas de interesse de Estado, mas que a iniciativa privada acredita que seja risco. Temos de investir nos sonhos para transformar o Brasil no país que ele merece ser. Somos reconhecidos em todo o mundo e temos o respeito de todas as nações. Por isso, precisamos ser a referência em tudo o que fazemos. O presidente do Fórum, ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, declarou que cada vez mais é necessário construir uma cidade mais harmônica, acabando com as barreiras que separam os bairros formais e as comunidades.

Reis Velloso declarou que entre 550 mil e 650 mil pessoas vivem em favelas apenas no Rio de Janeiro e, diante disso, é necessário construir projetos de melhoria dessas áreas, mas com uma reforçada participação da própria comunidade na elaboração de todas as melhorias. O vice-governador Pezão e o vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz, receberam os projetos e garantiram que, assim como vem sendo feito hoje, onde as comunidades são chamadas para discutir melhorias nos projetos e definir o que realmente é necessário para os moradores, a proposta é aumentar cada vez mais a participação popular nas ações dos governos. O estado do Rio discute com os moradores os projetos de qualificação que melhor atendem àquela comunidade específica, direcionando cursos e buscando parcerias que possam valorizar cada vez mais o currículo dos alunos.

Participaram da elaboração de projetos que incluam as comunidades no dia a dia das cidades representantes das associações de moradores da Rocinha, Carlos Costa, da ONG Rocinha XXI; do Cantagalo, Luiz Bezerra do Nascimento, presidente da Associação de Moradores; do Pavão/Pavãozinho, Antonia Ferreira Soares, líder comunitária; do Santa Marta, José Mário Hilário, presidente da Associação de Moradores; do Borel, Mônica Francisco, líder comunitária; do Complexo da Maré, Francisco Marcelo da Silva, do Observatório de Favelas; de Manguinhos, Marcelo Radar, secretário executivo do Fórum de Manguinhos; de Vigário Geral, Vítor Onofre, líder comunitário e diretor do AfroReggae; e da Cidade de Deus, Cleonice Dias. Além de exaltarem o momento que estão vivenciando em todo o Rio, com a discussão com os governos estadual e municipal para a implantação de projetos, eles reconheceram que essa perspectiva de colaboração é algo novo.

O vice-governador e o vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz, receberam os projetos e garantiram que, assim como vem sendo feito hoje, onde as comunidades são chamadas para discutir melhorias nos projetos e definir o que realmente é necessário para os moradores, a proposta é aumentar cada vez mais a participação popular nas ações dos governos. O estado do Rio, por exemplo, já discute com os moradores os projetos de qualificação que melhor atendem àquela comunidade específica, direcionando cursos e buscando parcerias que possam valorizar cada vez mais o currículo dos alunos.

publicado por André Lazaroni em 19.5.10 |



terça-feira, maio 18, 2010


A pesquisadora Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), garante ser possível a reintegração natural de áreas contaminadas por metais pesados, induzindo a atenuação da poluição, bem como o reaproveitamento econômico da região condenada. Com a responsabilidade socioambiental em alta, medidas que minimizam essa poluição estão, cada vez mais, sendo adotadas pelas empresas. Desde 2001, com recursos de um convênio entre Fiocruz e FAPERJ e de outras instituições, Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn estuda a dinâmica e a composição química desses solos, a fim de propor um modelo de gestão.

O que se busca nas pesquisas é conseguir reestruturar o solo para que certas espécies de plantas consigam se desenvolver. A proposta é estabelecer um tipo de cultura agrícola, que além de atenuar a poluição, atenda somente à indústria, gerando renda e emprego. Como o cultivo de mamona para a produção de biodiesel, por exemplo. Em 2008, só no estado do Rio de Janeiro, 12.089.739,85 toneladas de resíduos foram despejadas pelas indústrias e pelos processos de extração de minérios, segundo dados do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Nas sociedades contemporâneas, completamente dependentes do progresso, o lixo do desenvolvimento gera diversos problemas de saúde à população, além de causar danos ao meio ambiente.

Disse a pesquisadora que foram feitas importantes parcerias ao longo dos anos, como o auxílio do
Departamento de Geografia e do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da ajuda do Instituto de Agronomia e do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do apoio do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem). A motivação do estudo foi perceber que algumas regiões contaminadas por metais pesados ficam sem supervisão, o que aumenta o risco da população próxima fazer uso da área para cultivo de alimentos ou criação de animais. Além disso, exposto à ação das chuvas, o solo contaminado sofre lixiviação, processo que movimenta elementos do solo, disseminando-os para o lençol freático e para as bacias hidrográficas.

Somado a isso, a ação dos ventos também contribui para a dispersão dos resíduos para áreas adjacentes. Quando os metais pesados se incorporam ao ecossistema, são absorvidos por vegetais e animais. O maior problema é que esses elementos são bioacumuláveis, ou seja, se acumulam nos seres vivos, que são incapazes de eliminá-los. Em níveis elevados, eles se tornam extremamente tóxicos ao organismo, causando diversas doenças, como lesões nos rins, fígado e problemas no sistema nervoso central. A pesquisadora Wilma de Carvalho Pereira Bonet Guilayn informou que seu objeto de estudo foi o passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial do Ingá, que encerrou suas atividades de extração de zinco há mais de 20 anos. No início do projeto, Wilma fez a exploração da área e encontrou altas concentrações de metais pesados, como zinco, cádmio e chumbo.

Ao estudar esses resíduos a pesquisadora constatou que eles apresentavam características ácidas, o que deixa esses elementos mais móveis no solo. Disse ela: “a partir desse conhecimento, investimos na idéia de diminuir a acidez, acreditando na hipótese de reduzir a mobilidade do solo e assim retardar o processo de disseminação dos metais pesados”. Para isso, a pesquisadora levou para o laboratório, além de amostras dos resíduos, os rejeitos provenientes da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que também haviam sido estudados por ela e que apresentavam características alcalinas. Com os dois materiais, ela montou diversos modelos experimentais, simulando diferentes combinações. O objetivo era chegar a uma disposição que fosse menos nociva ao ambiente, ou seja, que ficasse mais neutro, diminuindo a mobilidade dos elementos contaminantes.

O modelo mais eficaz foi a mistura dos resíduos de metais pesados com os rejeitos alcalinos, disposta sobre um tipo especial de argila, com elevada capacidade de absorver água e baixa permeabilidade. Nesse modelo, observou-se uma cimentação natural, que diminui a infiltração da água e a mobilidade dos elementos no solo, o que, na prática, poderia frear a lixiviação. Na etapa atual, Wilma estuda a adição de materiais orgânicos aos solos contaminados da região da Ingá. O objetivo é formar um substrato, que proporcione os nutrientes necessários às plantas e promova a estabilidade dos elementos. O solo contaminado é acrescido de biossólido, lodo retirado da estação de tratamento de esgoto da Fiocruz e tratado para retirada de microorganismos patogênicos.

A adição do biossólido além de deixar o solo mais capaz de desenvolvimento vegetal, pode contribuir para atenuar a poluição. No experimento, já foram observadas bactérias capazes de obter energia a partir da oxidação de compostos inorgânicos, como os minerais que potencialmente contém metais pesados. Nesse substrato obtido em laboratório, foram plantadas algumas espécies vegetais a fim de testar sua eficácia. O objetivo é saber se com a utilização desse solo será possível pôr em prática uma espécie de sucessão vegetal, ou seja, o desenvolvimento natural das comunidades de seres vivos, o que significa que aquele ecossistema se sustenta.

Para isso, a planta tem que crescer e formar raízes, que serão analisadas para constatar se houve ou não absorção de elementos potencialmente contaminantes do solo. A pesquisadora informou por fim que a ideia é encontrar espécies vegetais que consigam se desenvolver nesse modelo de solo e que atendam à indústria, a exemplo das plantações de mandioca e de mamona direcionadas para a produção de etanol e de biodiesel, respectivamente. Atualmente, há diversos destinos para os resíduos, como incorporá-lo ao cimento ou isolá-lo totalmente. A proposta é implementar a regeneração da área contaminada e reintegrá-la economicamente à região.


publicado por André Lazaroni em 18.5.10 |



segunda-feira, maio 17, 2010


Estudo coordenado pelo professor Carlos Antonio Costa Ribeiro, do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), analisou a questão social no Brasil a partir de uma antiga constatação: o país tem uma das sociedades mais desiguais do mundo. Desde os anos 1960, o país lidera o ranking de pior distribuição de renda entre todas as nações da América Latina. Mas os indicadores de renda são apenas uma das faces da desigualdade social. Costa Ribeiro ressalta que a pobreza e a riqueza também são uma consequência da desigualdade de oportunidades, que varia de acordo com critérios como classe social, gênero e cor. A importante pesquisa traça um perfil da mobilidade social da população brasileira.

Com o apoio da Faperj, e o edital Jovem Cientista do Nosso Estado, o professor está concluindo a análise estatística de dados que revelam aspectos do processo de estruturação das desigualdades no país, coletados pelo Ibope-Inteligência, a pedido do Iuperj. O levantamento foi feito em 8.048 domicílios em todo o Brasil, em todas as classes sociais, entre setembro e outubro de 2008. Segundo Carlos Antonio Costa Ribeiro, o objetivo do trabalho é analisar a dinâmica da desigualdade nacional, que está relacionada à mobilidade social, ou seja, à capacidade de ascensão social do indivíduo, considerando a sua trajetória desde a família de origem até a formação de um novo núcleo familiar com o casamento.

De acordo com o sociólogo, existem dois tipos de desigualdade. Uma, a desigualdade de condições, que diz respeito aos diferentes níveis de renda, outra a desigualdade de oportunidades, que se refere às chances que uma pessoa tem de mudar de posição na sociedade ao longo das gerações familiares e ao longo do seu ciclo de vida. Alguns conseguem sobreviver na infância, entrar e terminar a escola e ter boa ocupação no mercado de trabalho. Esse processo de reprodução ou de superação das desigualdades é o tema do estudo. A desigualdade de condições pode até ser um mecanismo saudável da sociedade, já que parte das desigualdades salariais é associada às diferenças de remuneração entre as carreiras profissionais. No entanto, a desigualdade de oportunidades sempre é injusta, pois contribui para reproduzir a pobreza.

Palavras de Carlos Antonio Costa Ribeiro: “dizer que o filho de um médico deve ter mais chances de se tornar médico do que o filho de um faxineiro é antidemocrático por si só. Todos deveriam ter oportunidades iguais de escolher a carreira que quisessem se tivessem as mesmas oportunidades de saúde e educação. Apesar dos altos níveis de desigualdade econômica e de pobreza no Brasil – os 10% mais ricos desfrutam de um nível de renda cerca de 25 vezes maior do que o nível de renda dos 40% mais pobres –as chances de mobilidade social estão melhorando. Na década de 70, o filho de um profissional liberal urbano tinha mil vezes mais chances do que o filho de um trabalhador manual de se tornar um profissional liberal.

Já a partir da década de 90, essa probabilidade foi declinando e passou para 250, argumenta o cientista social, justificando a ligeira redução da desigualdade de oportunidades devido a fatores como a melhoria de acesso ao sistema educacional. Os pais da classe média alta têm muito mais recursos para propiciar melhores oportunidades aos filhos, o que faz com que eles continuem no topo da pirâmide social. Porém, mudanças na estrutura da sociedade brasileira permitiram o crescimento dessa elite nos últimos anos, devido à ascensão social de pessoas originárias de classes sociais inferiores. Nos anos 1970, cerca de 5% da população brasileira pertenciam à classe média alta. Hoje, são 14%. A mudança na estrutura de classes da sociedade é chamada de mobilidade estrutural, um fenômeno típico de sociedades que se industrializaram muito rápido.

Mais dados revelados pelo cientista social: a maioria das pessoas que tem origem familiar nas classes sociais baixas permanece nelas durante a fase adulta. O estudo comprovou também que o acesso à boa educação formal, um fator que influencia diretamente nas oportunidades que o jovem terá na vida adulta, está em grande medida associado à origem econômica da família. Os jovens que estudaram na escola privada ou pública federal, por ser de famílias ricas ou até de famílias um pouco menos favorecidas, mas que decidiram investir tudo na educação dos filhos, têm muito mais chances de ingressar na universidade pública do que aqueles que estudaram em uma escola pública não federal, seja ela da rede estadual ou municipal. A educação é um trampolim para a ascensão social, mas está associada à posição da família.

Outro aspecto apresentado pelo levantamento relaciona a entrada do jovem no mercado de trabalho às classes sociais da família de origem. Os nascidos de famílias de classe média costumam demorar mais para entrar no mercado, porque gastam mais tempo se qualificando, ou combinam menos trabalho com estudo. Além da renda familiar, as redes de sociabilidade, que incluem as relações familiares e de amizade no trabalho, por exemplo, podem ter algum impacto na conquista de melhores empregos e na melhoria das condições de vida. A análise de dados confirmou que ainda existem diferenças de acesso à educação e de progressão no sistema escolar entre homens e mulheres. O levantamento mostrou uma inversão na desigualdade educacional de gênero.

As meninas, hoje, têm mais chance de progredir na escola do que os meninos porque, em geral, estudam mais. Mas, na fase adulta, apesar de trabalharem o mesmo número de horas do que os homens e ainda se dedicarem à família, à casa e ao marido, recebem uma renda inferior. Para o professor Carlos Antonio Costa Ribeiro, do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a desigualdade racial no país está diminuindo, embora ainda haja mais chances para os brancos de completar os anos de transição dentro do sistema educacional. Brancos e não brancos (pretos e pardos) que têm origem nas classes sociais mais baixas têm chances iguais, porém ruins, de ter mobilidade social. Já nas posições mais altas da hierarquia social, os brancos têm mais chance de permanecer lá ou de subir um pouco mais. Pretos e pardos, em geral, ganham menos.

publicado por André Lazaroni em 17.5.10 |



domingo, maio 16, 2010


Vivendo e aprendendo. Vejam esta aqui. A cidade de Pequim está empreendendo uma guerra contra o mau cheiro proveniente de um número cada vez maior de depósitos de lixo. Para isso,... espalhou mais de cem canhões para lançar perfume nos lixões da capital, já que as temperaturas mais altas provocam maior deterioração do material nos aterros. Os canhões com desodorizantes foram uma ideia dos empregados da usina de lixo Gaoantun, nos subúrbios de Pequim, depois que as autoridades locais pediram desculpas à população pelo mau cheiro vindo do aterro e prometeram mitigar o problema.

Outros esquemas estão sendo utilizados pelos criativos chineses, como um material que absorve odores e uma máquina que extrai os gases malcheirosos e os utiliza para produzir eletricidade. Os 17 milhões e meio de moradores de Pequim eliminam diariamente 18 mil e 400 mil toneladas de lixo doméstico, 90% jogados em 13 aterros dispersados no entorno do município. Os canhões, chamados oficial e pomposamente de “sprays desodorizadores de alta pressão e longo alcance”, lançam no lixo que chega ao aterro um líquido criado a partir de um extrato de planta. O produto neutraliza o cheiro e o lixo é então enterrado sob folhas absorventes de odores. Em seguida, mais desodorante é jogado sobre a pilha.

Mas nem todos estão impressionados. Moradores de um complexo residencial nas imediações dizem que ainda estão para ver o resultado. Disse Geng Haiou: “quando o mau cheiro surge, todos nós tossimos. À noite, acordamos tossindo. Mesmo quando você dorme profundamente, você acorda tossindo. É um sofrimento só. Todo mundo abre as janelas no verão, e lá está aquele cheiro. Lá está aquela montanha de lixo que causa tão má impressão e o cheiro horroroso”. Peritos em gerenciamento de lixo também expressaram dúvidas sobre a desodorização.

publicado por André Lazaroni em 16.5.10 |



sábado, maio 15, 2010



Está no site do Ministério do Meio Ambiente, à disposição de todos, a nova base cartográfica da Amazônia com escala de 1:100.000. O mapa foi desenvolvido pelo ministério em parceria com Banco Mundial, Exército Brasileiro e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A nova base de dados traz todas as informações cartográficas básicas para o planejamento da região como hidrografia, malha viária, localidades, florestas e divisão política, compondo um conjunto de informações sobre a estruturação do território, com características físicas e geográficas.

Para o MMA, essas informações vão servir como base para o planejamento e a gestão não só ambiental, mas de todo o território amazônico. O novo mapa passa a integrar o Sistema Cartográfico Nacional e faz parte do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7). A base cartográfica será um dos mais completos instrumentos norteadores das políticas públicas para a região amazônica. Ela cobre os chamados vazios cartográficos, áreas sobre as quais se tem pouco ou nenhum conhecimento territorial, beneficiando projetos do setor público e privado que acessarão informações em escala inédita. Veja o mapa: http://mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/cartoamazonia/index.htm

publicado por André Lazaroni em 15.5.10 |



sexta-feira, maio 14, 2010


Boas novas sobre o meio ambiente! O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na pesquisa de perfil dos municípios brasileiros 2009, divulgada ontem (dia 13), mostra que a preservação do meio ambiente vem ganhando cada vez mais relevância entre as prefeituras brasileiras. Das 5.565 prefeituras analisadas, 84,5% têm um órgão para cuidar de questões ambientais. A Região Norte lidera esse número, com 92,2% das prefeituras provando ter unidade administrativa para o setor. A pesquisa é feita desde 1999 e, a partir de 2004, inclui o tema ambiental em seu questionário. O IBGE revelou que nos últimos cinco anos a quantidade de prefeituras com estruturas criadas para a questão do meio ambiente aumentou cerca de 13%.
Outra revelação bem legal do IBGE: 2009 foi a primeira vez que o número de municípios com conselho de meio ambiente tornou-se maioria (3.135 ou 56,3%). Em 1999, havia o registro de 1.177 municípios com conselhos (21,4%), o que mostra um aumento de 166% nos últimos dez anos. Do total das prefeituras incluídas na pesquisa, apenas 334 (6,0%) tinham todos os itens ambientais (secretaria exclusiva, conselho de meio ambiente ativo, fundo de meio ambiente e comitê de bacia), número igual às prefeituras sem nenhum desses itens (321 municípios ou 5,8% do total). Em 2009, 46,8% dos municípios brasileiros tinham algum tipo de legislação ambiental. Em 2002, esse percentual era de 42,5%.
Um ponto negativo, de acordo com a pesquisa, é o fato de menos da metade dos municípios ter fundos de meio ambiente (29,6%), que dão maior autonomia financeira às prefeituras por receberem recursos extraorçamentários. Desse total, apenas 35,4% estavam ativos em 2009, ou seja, financiando projetos na área ambiental. A presença dos fundos é maior nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Com relação aos gestores ambientais, os dados apontam que 83% deles são homens e 49% têm nível superior completo, sendo que 14% desse total têm pós-graduação. Na Região Norte, a grande maioria dos gestores tem entre 26 e 40 anos, diferentemente das demais regiões onde a maioria dos responsáveis pela pasta de meio ambiente tem entre 41 e 60 anos.

publicado por André Lazaroni em 14.5.10 |



quinta-feira, maio 13, 2010

O DIA ONLINE - CONEXÃO LEITOR - André Lazaroni: O verde na Inglaterra

publicado por André Lazaroni em 13.5.10 |




O Itamarati confirmou a realização, no Rio, da quarta reunião do Basic – grupo formado por Brasil, África do Sul, Índia e China – no final de julho, para buscar entendimentos comuns sobre questões climáticas. Os membros do Basic já reafirmaram o compromisso de continuar liderando deliberações sobre mudanças climáticas, principalmente em relação a um acordo legalmente vinculante com a quantificação das metas de redução de emissões de gases do efeito estufa para um segundo período do Protocolo de Kyoto. Para que isso seja alcançado na COP-16, em Cancún, em dezembro, o Basic debaterá, no Rio, os critérios de equidade de emissões de carbono entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, já que há um limite de concentração de gases na atmosfera para garantir que a temperatura do planeta não ultrapasse o aumento previsto de 2º C, e cada um precisa definir qual será a sua fatia de emissões nesse bolo.
Os quatro do Basic acertaram que, para a Conferência de Cancún, é necessário agilizar o financiamento de 10 bilhões de dólares prometidos pelos países desenvolvidos, bem como avançar o debate em algumas áreas, como a aplicação dos mecanismos de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação( REDD), a transferência de tecnologia para mitigação das emissões e adaptação das mudanças climáticas, e um programa de trabalho para o padrão MRV, que permita mensurar, reportar e verificar as emissões dos países, sejam eles desenvolvidos ou em desenvolvimento. Como parte do processo de preparação para a COP-16, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Branca Americano, participaram do primeiro encontro de nível ministerial em 2010, em Bonn, na Alemanha. Buscou-se entendimento comum sobre como as negociações devem progredir até a conferência Cancún.

publicado por André Lazaroni em 13.5.10 |



quarta-feira, maio 12, 2010


Mais uma vez emprego a bela expressão “gol de placa!” para comentar uma decisão positiva do governo brasileiro. Leia: o Ministério do Esporte instalou, em Brasília, a Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa de 2014, a primeira das nove câmaras do grande evento do futebol mundial que vamos patrocinar. Representantes de dez cidades-sede do evento, dos ministérios do Meio Ambiente e do Esporte e de órgãos públicos se reuniram para iniciar os trabalhos do grupo. O objetivo é elaborar diretrizes sustentáveis para o evento e enviá-las aos comitês.

O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, destacou a importância de o Brasil realizar uma Copa focada na sustentabilidade. Disse ele: “temos a oportunidade de mostrar ao mundo quem é o Brasil de verdade na área ambiental”. Segundo o coordenador da Agenda de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa de 2014, Cláudio Langone, o evento vai proporcionar ao Brasil a chance de divulgar a diversidade cultural e social do país. Na questão ambiental, o coordenador destacou a promoção de produtos como os biocombustíveis.

publicado por André Lazaroni em 12.5.10 |



segunda-feira, maio 10, 2010


Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” divulga estudo de pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e Chalmers (Suécia) revelando que ainda existem muitas áreas verdes sem preservação no Brasil. Segundo o estudo, mesmo que todos os produtores rurais regularizassem suas terras e obedecessem ao Código Florestal, ainda sobrariam 100 milhões de hectares de vegetação não protegidos ambientalmente e que podem sofrer desmatamento. A área equivale a quatro vezes o Estado de São Paulo. Os pesquisadores criaram um mapa mostrando que existem 537 milhões de hectares de vegetação natural no Brasil, cerca de 60% do território nacional.

Para chegar ao resultado foram usados os dados mais recentes de fontes como o Programa Nacional de Meio Ambiente (Probio, do Ministério do Meio Ambiente), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, afirmou que foi um esforço braçal. Eles trabalharam com mais de 200 mapas digitais diferentes. O material levou um ano e meio para ficar pronto. Boa parte dos 100 milhões de hectares desprotegidos não é adequada para a expansão da agricultura, ressaltou o professor Sparovek.

Cerca de 74 milhões de hectares têm aptidão baixa para atividades agrícolas. O receio, porém, é que a pecuária possa tentar ocupar essas áreas de floresta. O pesquisador da USP defende que, enquanto as terras com vegetação não são protegidas, um pacto de “desmatamento zero” deve ser firmado pelos setores produtivos no Brasil. A agricultura tem possibilidade, segundo ele, de ser expandida para 60 milhões de hectares onde hoje é feita a pecuária extensiva que têm solos e clima adequados à produção agrícola. A pecuária brasileira tem um boi por hectare. É como ter um homem para cada quarteirão.

O estudo mostra que 11% da vegetação natural restante no Brasil estão em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como encostas e margens de rios, o que totaliza 59 milhões de hectares. Porém, o correto seriam existir 103 milhões de hectares, o que significa que há um déficit de 43 milhões de hectares, que já foram desmatados por algum motivo. A reserva legal, área que o proprietário rural é obrigado a deixar com vegetação dentro do terreno, também tem situação complicada. Seria necessário ter, de acordo com o Código Florestal atual, 254 milhões de hectares de vegetação como reserva legal, mas faltam para fechar a conta 43 milhões de hectares.

publicado por André Lazaroni em 10.5.10 |







O Código Florestal é o principal instrumento da sociedade brasileira para converter a preservação ambiental em realidade, como a Constituição Federal determina. Esta afirmação é do advogado Anthony Brandão, professor da Universidade de Brasília (UnB) e analista processual da Procuradoria Geral da República, que acompanha o ataque ruralista ao Código Florestal com preocupação. Segundo ele, o problema do país não são as leis. São as pessoas que não querem incorporar suas obrigações para que não haja limite ao lucro. Anthony Brandão participou de um seminário promovido pelo Greenpeace, WWF Brasil e SOS Mata Atlântica sobre o Código Florestal.

Ele afirmou que uma comissão especial da Câmara dos Deputados, dominada por ruralista, prepara um ataque ao Código Florestal. Seu relator, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), promete mudanças que podem abrir caminho para a derrubada de mais florestas. Disse ele: “a Constituição estabelece o direito à propriedade, que precisa atender à função social. Essa é uma cláusula pétrea, que só pode mudar com uma nova lei maior ou uma revolução. A não ser que aconteça uma coisa ou outra, o Estado tem de dar efetividade a esse dever. Além disso, se o Estado tivesse unicamente essa responsabilidade, teria de desapropriar terrenos para preservar a natureza.”

Anthony Brandão esclarece a função social da propriedade: “na social democracia, todo mundo tem direito a acumular riquezas, desde que não prejudique a coletividade. Nas cidades, a função social é regulada pelo plano diretor. No campo, o artigo 186 da Constituição estabelece que é preciso preservar o meio ambiente. É a Constituição que traz essa obrigação, e o Código Florestal é seu principal instrumento. Há outras normas, mas o código é a primeira ponte entre a Constituição e a realidade.” Ele fez referência ainda ao Código Ambiental de Santa Catarina, que classificou “uma tristeza”.

publicado por André Lazaroni em 10.5.10 |



domingo, maio 09, 2010


O bagaço de cana-de-açúcar, volumoso resíduo da indústria sucroalcooleira, vai ter uma destinação nobre, graças a uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadores desenvolveram uma fibra que poderá se tornar um tecido que, com o acréscimo de enzimas e fármacos, tem potencial para ser utilizado como curativo com múltiplas aplicações. A pesquisa surgiu a partir da iniciativa da professora Silgia Aparecida da Costa, do Curso de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

O objetivo foi aproveitar dois resíduos, o bagaço da cana e a quitosana, substância extraída da carapaça de crustáceos e que tem propriedades farmacológicas. A quitosana é obtida a partir da quitina, um polissacarídeo formador do esqueleto externo de crustáceos como siris e caranguejos, e tem propriedades fungicida, bactericida, cicatrizante e antialérgica. O trabalho uniu as áreas farmacêutica e de engenharia de tecidos.

O primeiro desafio foi extrair a fibra da cana-de-açúcar. Obtida esta, o passo seguinte foi agregar enzimas e fármacos. Além da quitosana, foram imobilizadas quatro outras substâncias à fibra: os fármacos comerciais anfotericina B e sulfadiazina e as enzimas bromelina e lisozima, a primeira obtida do talo do abacaxi e a segunda da clara de ovo.

publicado por André Lazaroni em 9.5.10 |



sábado, maio 08, 2010


Apenas 7% dos municípios brasileiros têm projetos de coleta seletiva em larga escala. E isso porque houve crescimento da reciclagem nos últimos anos. As informações são do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Em 2003, foram recicladas 5 milhões de toneladas de lixo. Em 2008, o índice foi para 7,1 milhões. O Brasil é referência mundial para alguns materiais, como latinhas de alumínio. A reciclagem atinge 96% do total comercializado no mercado interno. Já em outros pode ser comparado a países de terceiro mundo: a compostagem de materiais orgânicos, que poderiam ser aproveitados para a produção de fertilizantes, ainda é incipiente, não chega a 3% e gera um grande impacto ambiental.

Apesar das estatísticas negativas, empresários e trabalhadores do setor animam-se com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que foi aprovada no Congresso e deve ser sancionada pelo presidente Lula no dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente. A política está baseada na gestão compartilhada do lixo. O poder público deixa de ser o único responsável pela destinação dos resíduos e as empresas também passam a atuar na questão. Outro ponto é a coleta reversa, onde os produtos que podem ser reaproveitados voltam para as empresas que os fabricam, como pilhas, lâmpadas e eletroeletrônicos. As companhias são obrigadas a oferecer locais para os clientes entregarem os materiais.

A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) informa que a PNRS tratará também da hierarquia no tratamento dos resíduos. Teremos que obedecer uma ordem de ações. Primeiramente, a minimização na geração, reutilização, reciclagem, recuperação e, por último, a disposição sobre o solo. Assim, diminuirá significativamente a quantidade de lixo a ser enterrado. Em 2008, a reciclagem movimentou cerca de R$ 12 bilhões e a expectativa é que possa dobrar esse valor nos próximos anos com a política nacional. Diariamente, o Brasil produz cerca de 150 mil toneladas de lixo, sendo que 67 mil vão para locais inadequados, como lixões. Em relação à destinação de resíduos somos equiparados a Índia e países da África.

Parte do problema se deve à falta de investimentos no setor. Em 2008, o Brasil gastou R$ 16,8 bilhões para dar fim ao lixo. Parece muito, mas quando se divide por habitante dá cerca de R$ 8,90 por mês para cada um. É muito pouco se comparado a outros serviços públicos. Apesar disso, empresários dizem que a solução não está na construção de mais aterros. Será preciso investir na hierarquização. Pensar antes de comprar. Não comprar antes de se desfazer e, quando não for mais possível, reciclar.

publicado por André Lazaroni em 8.5.10 |



sexta-feira, maio 07, 2010


Lamentável. A Conferência Regional para a África, da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), reunida em Luanda, Angola, apresentou relatório indicando que a mudança climática pode provocar grande retrocesso dos avanços que se conseguiu na redução da pobreza e na segurança alimentar dos países do continente. A FAO indicou que a principal consequência do aumento das temperaturas e de uma meteorologia mais imprevisível será a redução dos rendimentos dos cultivos, quase 7% no caso do milho, alimento básico de grande importância e um maior risco de insegurança alimentar.

O documento Climate Change Implications for Food Security and Natural Resources Management in África (Implicações da mudança climática na segurança alimentar e a gestão dos recursos naturais na África), transmitido pela Agência EFE, adverte que não se pode continuar agindo como se nada ocorresse. O organismo das Nações Unidas recomenda aos governos africanos a adoção de medidas imediatas para o desenvolvimento da agricultura e a gestão sustentável dos recursos naturais. Para a FAO, a mudança climática afetará os países africanos mais pobres de forma desigual e a maioria da população sofrerá, como sempre, as piores conseqüências. O agricultor de subsistência estará entre os mais vulneráveis.

A adaptação à mudança climática com práticas sustentáveis, incluindo promoção e proteção dos alimentos e os conhecimentos agrícolas locais e tradicionais, deve ser uma prioridade para todos na África. O relatório da FAO acrescenta que são necessárias políticas de desenvolvimento que tenham como objetivo os grupos vulneráveis, especialmente as mulheres, pois sua carga de trabalho aumentará como consequência do impacto sobre os recursos de água e terra. Um dado otimista: há um potencial cada vez maior para que os países africanos se beneficiem de instrumentos dos mercados internacionais de créditos de carbono, como forma de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

publicado por André Lazaroni em 7.5.10 |



quinta-feira, maio 06, 2010


Exatos 7.464 km2 de área foram desmatados por corte raso na Amazônia Legal, no período de agosto de 2008 a julho de 2009, segundo medição feita pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), após análise de 400 imagens dos satélites Landsat, CBERS e DMC, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os dados confirmam a estimativa preliminar de 7.008 km2 divulgada pelo Instituto em novembro de 2009. A diferença de 6,5% entre a estimativa e a consolidação da taxa de desmatamento está dentro da margem de erro de 10%. O resultado representa uma redução de 42% em relação ao mesmo período em 2007-2008.

Trata-se da menor taxa anual desde que o Inpe iniciou o monitoramento sistemático da Amazônia por satélite, em 1988. Uma queda substancial e consistente do desmatamento vem sendo verificada desde 2004, quando foi criado pelo governo federal o Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM). Parte desta redução se deve à iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que naquele ano criou o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), permitindo aos órgãos de fiscalização tomar ações rápidas e eficazes de combate ao corte ilegal. O Deter indicou, no final de 2007, tendência de crescimento do desmatamento.

Com base nos dados do sistema, o governo federal adotou medidas para restringir a derrubada da floresta e o resultado foi a manutenção da queda do desmatamento. Como o sistema Deter, o Prodes integra as ações do MCT no PPCDAM e é reconhecido como uma contribuição importante pela presteza e transparência na divulgação dos dados sobre o desmatamento na Amazônia Legal, que estão disponíveis na página http://www.obt.inpe.br/prodes

publicado por André Lazaroni em 6.5.10 |



quarta-feira, maio 05, 2010


A Embrapa utiliza a técnica de radiotelemetria para acompanhar o comportamento de jacarés no Pantanal. E o que é a radiotelemetria? Trata-se do implante de um radiotransmissor dentro da membrana que reveste internamente o abdômen do animal. A pesquisadora responsável pelos estudos, Zilca Campos, explicou que osjacarés são animais ectotérmicos, isto é, a temperatura corporal deles é controlada pelo ambiente. Com a pesquisa, a Embrapa busca conhecer sua temperatura corporal e as relações com as temperaturas do ar e da água e o comportamento. Esse conhecimento ajudará a entender a biologia dos jacarés e como eles se relacionam com o ambiente em que vivem.

No momento, um jacaré adulto da espécie Paleosuchus palpebrosus é monitorado na região da Serra do Urucum, no entorno do Pantanal. Mas de 1989 a 1999, a Embrapa Pantanal acompanhou 51 jacarés, Caiman crocodilus yacare, na região central do Pantanal, com o objetivo de determinar taxa de dispersão e comportamento de
termorregulação. Em breve, novos indivíduos, jovens e adultos, serão monitorados com a técnica de radiotelemetria. A temperatura corporal alta, em dias de verão, influencia no comportamento de alimentação, movimentação e reprodução. Em dias mais frios os jacarés precisam se aquecer pelo comportamento de exposição ao sol, para elevar sua temperatura acima da temperatura da água.

A técnica de radiotelemetria é usada para obter informações necessárias para conservar e manejar as espécies e também permite elucidar e revelar segredos da história de vida dos animais. A experiência permite concluir que o movimento tem papel importante na vida dos jacarés. O movimento diurno pode ser para termorregular, e em longo prazo, para dispersar entre habitats. É possível também entender seu comportamento de estivação, quando ele adota a estratégia de entocar em período de estresse hídrico, e em resposta a distúrbio no seu ambiente. O estudo também alerta para as ameaças antrópicas nos habitats dos jacarés, principalmente no entorno do Pantanal, que poderá refletir no estado de conservação das espécies.Para implantar o radiotransmissor é feita cirurgia adotando-se a técnica de resfriamento, baixando a temperatura corporal do animal, em torno de 19 oC. O jacaré adulto é colocado dentro do freezer por uma hora e depois recebe uma dose de anestésico local para, então, se proceder a cirurgia. A operação é feita dentro da ética e respeito pelos animais, para que ele não sinta dor e não tenha sofrimento. A técnica usada é a tradicional, na qual o sinal do rádio é captado pelo receptor acoplado em uma antena direcional. A Embrapa adota outras técnicas de avaliação do estado da população de jacarés, distribuição e abundância, usando contagens noturnas em trechos de rios da Bacia do Alto Paraguai e contagens aéreas feitas de ultraleve e aviões.

publicado por André Lazaroni em 5.5.10 |



segunda-feira, maio 03, 2010


Esta segunda-feira, 3 de maio, é o Dia do Pau-Brasil. Orgulhem-se amigas e amigos. Somos o único país do mundo com nome de árvore. Um motivo a mais, não é mesmo, para lutarmos sempre pela defesa do meio ambiente. Além de ter originado o gentílico, a madeira foi a primeira atividade econômica desenvolvida pelos portugueses em nossas terras. O pau-brasil era utilizada pelos índios em suas pinturas e, depois de Portugal, foi a vez da França extraí-lo ao máximo. Em 1978, com a Lei 6.607, ele foi declarado oficialmente como árvore símbolo nacional e foi instituído este dia para a sua comemoração (comemoração?). A espécie, que já foi considerada extinta, é um marco na história brasileira.
Pau-brasil é o nome genérico que se atribui a várias espécies de árvores do gênero Caesalpinia antes presentes na região da Mata Atlântica, do Rio Grande do Norte até a costa doRio de Janeiro. Além do pigmento vermelho intenso extraído do cerne e conhecido como brasileína, utilizado como corante e tinta de escrever, ele também foi empregado na construção naval e civil, em trabalhos de torno e marcenaria de luxo e na fabricação de instrumentos musicais como, por exemplo, violinos, harpas e violas. A presença de pau-brasil na Mata Atlântica era muito grande até o século XVI. Depois, começou a madeira começou a escassear pelos séculos seguintes até ser declarada extinta no início do século passado. Hoje, há um forte movimento de ONGs para disseminar sua cultura pelo Brasil afora.

O cantor e compositor Adilson Alcântara versejou e cantou assim o pau-brasil, em sua triste história brasileira.

“Quando o navio procurava o cais,
Pero Vaz de Caminha, atrás de Cabral,
Exclamou feliz: Terra de Santa Cruz,
Matiz sem igual
Beleza assim não se vê em Portugal!
Pedro Cabral desembarcou
E dançou ao som tribal
Dos tupis do litoral,
Veio o cacique sem café
E o pajé abençoou
A tripulação da nau
Depois vieram reis e realeza,
Escravos e princesa,
Mulatas, carnaval,
Até que, um dia tal,
Pintou, então, sutil
Um cara que deu fim,
Deu fim no pau-brasil.”

publicado por André Lazaroni em 3.5.10 |




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